Wednesday, October 15, 2008

Ainda a estranha questão do Equador... - Blog do Reinaldo Azevedo - 14/10/08

Leiam o que vai abaixo. Volto depois.
Tânia Monteiro, de O Estado de S. Paulo
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta terça-feira, 14, que, se o Equador não honrar o empréstimo que tem junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a relação comercial entre Brasil e Equador vai acabar. "Então, vai acabar o comércio entre Brasil e Equador porque o empréstimo é lastreado no CCR (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos). Eu não entendo como deixar de pagar porque tem a garantia do CCR, que é uma garantia comercial", disse o ministro, acrescentando que, se houve uma irregularidade, ela não foi praticada pelo BNDES.
O presidente do Equador, Rafael Correa, alega que o crédito de quase US$ 200 milhões concedido pelo BNDES foi destinado à construtora brasileira Odebrecht para a construção da hidrelétrica de San Francisco, e não para o Estado equatoriano. Em setembro, ele disse que o governo "pensava seriamente" em não quitar o débito. Nesta terça, o secretário Nacional Anticorrupção do Equador, Alfredo Vera, voltou a dizer que o governo equatoriano não vai pagar o empréstimo.
Antes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar ao hotel Taj Mahal, em Nova Délhi, na Índia, Amorim concedeu uma entrevista coletiva à imprensa na qual afirmou que é preciso ter paciência com o Equador, mas não complacência. "O que é que você quer que eu faça? Que eu invada o Equador? Temos de ter paciência, temos interesse em manter boas relações com o Equador. Agora, a paciência também num determinado momento, não estou dizendo que a gente perde a paciência, mas a gente não pode confundir paciência com complacência", disse.
Amorim ponderou que, "quando o clima não favorece, melhor não falar". E acrescentou: "Quanto mais vocês perguntam, mais dificultam as negociações, porque a tentação da retórica é muito grande. Então, um diz uma coisa, o outro quer responder mais alto e tem muita gente dando palpite. Tem muito ministro de lá dando palpite", afirmou.
Com relação a Furnas, Amorim disse que a "questão foge da realidade". E sobre os engenheiros da Odebrecht que foram expulsos do país pelo presidente Rafael Correa, Amorim disse: "A mim interessava que eles fossem liberados. Se ele (Correa) está querendo chamar os liberados de expulsos, um deles já foi liberado e voltou ao Brasil. O outro saiu da embaixada e também está liberado."

Impasse
Ainda nesta terça-feira, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que não há "clima" para retomar os projetos de cooperação com o Equador depois da expulsão da Odebrecht, segundo a agência France Presse. "Tudo na vida tem limites, se o governo brasileiro atua como amigo e recebe hostilidade deve haver uma reação e firmeza", declarou Lobão em entrevista à rádio CBN.
O ministro considerou que a decisão de expulsar a construtora "não leva a nada e não fortalece as relações diplomáticas". Na segunda, o governo do Equador deu um prazo de 48 horas para que quatro funcionários da construtora brasileira deixem o país. Em 23 de setembro, o Equador anunciou a expulsão da Odebrecht, acusada de não ter feito os consertos da hidrelétrica San Francisco, paralisada desde junho. Sobre o projeto, a empresa reiterou que "desde 2 de outubro", data "anterior ao prazo previsto", resolveu os problemas que surgiram e que obrigaram à paralisação da central,

Lula e Correa
O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse na tarde desta terça que a melhor solução para os problemas enfrentados por empresas brasileiras no Equador é um entendimento direto entre os presidentes Lula e Rafael Correa. "Tem muito ministro falando, e quando tem muita gente falando, dá cacofonia", afirmou. Ele disse que a decisão do governo brasileiro de suspender o envio de uma missão ao Equador para negociar cooperação em obras viárias não representa uma retaliação.

Comento
Ué... A ministra Dilma Rousseff não havia assegurado que o empréstimo havia sido feito para a Odebrecht? Pois é. Como aqui se disse, ela estava dizendo o oposto da verdade. Afinal, Correa é um bandoleiro, mas creio que não idiota o bastante para ameaçar dar calote num dívida que não tem, não é mesmo?

Já deixei aqui uma dica certa feita, que repito agora. O Senado deveria ficar mais atento a esses empréstimos do BNDES, em especial a países como Equador e Venezuela, duas semiditaduras, e Angola, uma ditadura inteira. Afinal, vocês sabem, os mecanismos de transparência ali inexistem. Pode-se fazer o que der na telha.

É puro exercício de ficção, eu sei. Mas imaginem um partido cansado de imprensa, Ministério Público e oposições podendo emprestar milhões para déspotas que não se importam em pagar, digamos assim, uma pequena comissão pelos juros camaradas...
Estou enganado, ou Marco Aurélio Top Top Garcia parece não querer confusão com Correa? Não, acho que ele não quer. Coisa estranha. Fica até parecendo que o presidente daquele país sabe demais e está chantageando as autoridades brasileiras, não parece? Imaginem só: um gigantão deste falando fininho com aquele pequeno país, cuja população é pouco maior do que a da cidade de São Paulo... O conselho por prudência de MAG deve surtir efeito. Ele já foi visto ali pelo Equador. Tem boas relações com aquele governo. Sabe das coisas... Notem que ele é duro: chega até a censurar os ministros que se metem na relação direta Lula-Correa.



Por Reinaldo Azevedo

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