Friday, December 29, 2006

Voltei

Passado o choque, se é que isso será possível nos próximos 4 anos (?), volto a escrever.

Tuesday, October 31, 2006

Perversões da democracia - Gustavo Ioschpe - Folha, 31/10/06

A FUNÇÃO de todo sistema político é maximizar o bem-estar de seus cidadãos. A premissa da democracia é que ninguém melhor do que o próprio cidadão para julgar o que é melhor para si, e que da agregação das vontades individuais cumprir-se-á a vontade coletiva. Nas democracias modernas, as vontades são expressas em voto e seus artífices são os eleitos. Para que o processo seja justo e atinja seus objetivos, são necessárias algumas condições. O eleitor precisa saber o que ocorre e o que cada candidato defende (informação) e precisa conseguir analisar esse conhecimento para julgar qual proposta será mais condizente à consecução de seu ideal de país (formação). Em um país como o Brasil, em que o acesso à informação é precário e a capacidade de julgamento é prejudicada pelo baixo esclarecimento da maioria da população, três quartos dos cidadãos não são plenamente alfabetizados -a tentação de usar as limitações da democracia para solapá-la são enormes. Em particular há duas tentações: a de sacrificar o futuro pelo presente e a de sacrificar a minoria pela maioria. Creio que o governo que acaba de ser reeleito comete ambos os abusos. Os paliativos oferecidos aos pobres são financiados por um aumento do peso do Estado, que tende a fazer com que o subdesenvolvimento perdure. Os pobres que recebem a ajuda não sabem disso, mas os governantes, sim. Não apenas a pobreza de amanhã financia a de hoje, como se criou uma cultura de ressentimento e vilanização dos que pensam diferente. Quem aponta a nudez do rei é visto como elitista. Quem cobra a eficiência da gestão pública é tachado de privatista. Quem discorda da imposição de critérios raciais na orientação de políticas públicas é racista. Quem denuncia que o presidente bebe é expulso do país. Quem acredita que o respeito à lei e às instituições é um dever que voto nenhum pode alterar virou golpista. Os adversários políticos que não se vendem serão destruídos por dossiês criminosos. A democracia está sendo solapada pela desqualificação do contraditório, pelo achincalhamento dos mecanismos de controle do Executivo da imprensa ao Congresso. Pão e mensalão: a receita da pax lulista. Esse meio é seu próprio fim. O poder que corrompe é usado a serviço da manutenção do poder. Ninguém acredita que o Bolsa Família diminuirá a pobreza. É uma política sem finalidades que não a sua perpetuação. Os que crêem que o petismo morre com Lula são os que acreditaram que o mensalão decretava seu fim. As engrenagens que descosturam nossa fibra democrática estão a pleno vapor. Assim é também porque os oposicionistas sacrificam o respeito às instituições por votos. Se continuar assim, a justiça econômica advirá da socialização da pobreza, a igualdade social virá por decreto e o processo eleitoral se transformará em mero simulacro de uma democracia que, por vontade popular entronizará a maravilha da brasilidade mantendo inalterado esse caloroso atoleiro em que nos transformamos.
GUSTAVO IOSCHPE é mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade Yale (EUA)

Saturday, October 28, 2006

Que a esperança vença a lógica

Ainda dormirei com uma esperança no coração. Joguei a lógica e a racionalidade para dormir fora. Prefiro assim. Que Deus permita ter tomado a atitude certa.

Thursday, October 26, 2006

Sobre um manifesto de meias verdades

Carlos Henrique de Brito Cruz, Folha de S. Paulo (26/10/06)
O debate e o contraditório não apareceram no manifesto em que reitores de universidades federais aderem à candidatura LulaREITORES DE universidades e outros dirigentes de instituições federais publicaram um manifesto aderindo à candidatura Lula. Declaram satisfação com os últimos quatro anos, que querem ver continuados, e se referem a supostas ameaças trazidas pela candidatura de oposição, na já tristemente familiar tática de lançamento de suspeita adotada pela campanha da situação.O debate e o contraditório não apareceram no manifesto - de características maniqueístas e, por isso, simplificadoras. O contrário do que se esperaria de representantes da inteligência e do pensamento crítico brasileiro, que poderiam ter deflagrado um debate sobre a educação no Brasil.Os autores se referem à criação de dez universidades federais. Pode interessar ao eleitor saber que novas universidades foram três, e não dez, pois sete foram mudanças de denominação ou desmembramentos de instituições previamente existentes.Interessa ao contribuinte o aumento no número de estudantes que têm acesso ao ensino superior público e gratuito, o de maior qualidade no Brasil. Segundo os dados publicados, o governo FHC criou condições para que mais brasileiros entrassem no ensino superior público federal a cada ano - em relação ao que Lula tem feito. Nos anos FHC, o crescimento anual nas matrículas nas federais foi de 5,2% ao ano, bem mais alto do que os 3,3% do primeiro ano (o único para o qual a administração atual foi capaz de mostrar os dados) de Lula. A política que atende ao contribuinte e aumenta o acesso à educação pode não ser a mesma que alegra os reitores.O amor ao contraditório - do qual, em geral, nasce mais conhecimento - exigiria a menção, quando se faz referência ao crescimento dos recursos federais para financiamento à pesquisa do FNDCT, que tal crescimento se deve aos Fundos Setoriais, uma criação do Ministério da Ciência e Tecnologia no período FHC.Um governo posterior constrói sobre o que o anterior deixou. Os recursos do FNDCT aumentaram, mas, infelizmente, em relação ao PIB, o valor do investimento em P&D no país vem diminuindo desde 2001.O manifesto dos reitores, preocupado com a educação dos brasileiros, poderia ter lembrado também que, no governo FHC, a descentralização de recursos e o Fundef permitiram ao Brasil - e aqui, sim, pela primeira vez em sua história - universalizar o ensino fundamental. Foi uma conquista marcante para o país e para todos os que se preocupam com o avanço da educação; e especialmente importante para os brasileiros mais pobres, para os pretos e pardos, que formavam o maior contingente fora da escola.Ajudaria a ampliar o debate sobre o nevrálgico tema da educação e do ensino superior se os reitores explicitassem que o candidato Alckmin governou o Estado onde estão as melhores universidades públicas do país: USP, Unicamp e Unesp, as três com regime de autonomia e vinculação orçamentária. Regime que nenhuma universidade federal tem, e ao qual a "reforma universitária" do governo Lula nem sequer aludiu.Nos últimos cinco anos, o crescimento nas matrículas em São Paulo tem sido de 5% por ano - 50% maior do que o governo Lula tem conseguido. Na pós-graduação, o crescimento nos últimos dez anos foi de 68%. São Paulo faz o maior esforço nacional em pós-graduação e pesquisa, sendo o estado que mais forma doutores. Larga proporção deles vem dos outros estados e a eles retorna para desenvolver as instituições locais.Nas universidades paulistas, mais de um terço das matrículas é no período noturno, aumentando as chances de estudo em boas universidades para os que precisam trabalhar durante o dia. Nas federais, esse percentual é de somente 23% - mas parece ser considerado bom pelos reitores signatários e pelo candidato Lula.Também nesse assunto, a "reforma universitária" do governo Lula é tímida. Em São Paulo, é a Constituição que preconiza o terço de vagas no período noturno. No apoio à pesquisa, o governador Geraldo Alckmin honrou com precisão o estabelecido na Constituição quanto ao financiamento da Fapesp.Nunca houve nenhum contingenciamento, como o governo FHC fez e o governo Lula continua fazendo, com os recursos dos Fundos Setoriais e do FNDCT.Fernando Brant escreveu: "E o que foi feito é preciso conhecer, para melhor prosseguir. Falo assim sem tristeza. Falo por acreditar. Que é cobrando o que fomos. Que nós iremos crescer". Está na hora de o Brasil crescer. Crescer no respeito a outras opiniões, à verdade, ao debate límpido e claro sobre os destinos do país, sem demagogia, sem rotulações e sem simplificações. Senão só o que resta é a tristeza do pensamento único.CARLOS HENRIQUE DE BRITO CRUZ, 50, engenheiro de eletrônica graduado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e doutor em física pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), é diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), entidade que presidiu de 1996 a 2002. Foi reitor da Unicamp (2002-2005).
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2610200609.htm

Privatização - A verdade dos números

Maria Silvia Bastos Marques, O Estado de S. Paulo (25/10/06)
O debate eleitoral trouxe novamente à tona a questão das privatizações. Um debate de frases emocionais e vazio de conteúdo.O processo de privatização, ocorrido nos anos 1990, foi um dos mais importantes impulsionadores do crescimento e da modernização do País, bem como da inclusão social. Para não mencionar outros aspectos, como respeito ao meio ambiente, inovação tecnológica e aumento da concorrência e da qualidade de produtos e serviços - fortalecendo o papel do consumidor e a redução de preços.A privatização, sempre em leilão público, abrangeu de siderurgia e mineração a bancos estaduais, telecomunicações, energia e aviação. Uma história de sucesso. E, ao contrário do que se diz, inteiramente alinhada aos interesses dos brasileiros.Em diversos casos, como nos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Embraer, o Estado, por meio do Tesouro Nacional, deixou de custear empresas deficitárias e até pré-falimentares, liberando recursos para funções realmente públicas, como segurança, saúde e educação. Ademais, as empresas, então inadimplentes com os Fiscos, fornecedores e empregados, passaram a gerar lucros expressivos e a recolher regularmente impostos e contribuições, reforçando os recursos para o setor público. Para ilustrar, o prejuízo consolidado das empresas siderúrgicas em 1992 foi de US$ 260 milhões, enquanto seu lucro consolidado em 2005 foi de US$ 4 bilhões.Os investimentos, fundamentais para o crescimento do País, aumentaram significativamente, livres das amarras do Estado. Na siderurgia foram investidos US$ 16 bilhões, após a privatização, em proteção ambiental, qualidade e modernização, preparando o setor para um novo ciclo de expansão da capacidade. A Vale do Rio Doce investirá US$ 4,6 bilhões em 2006, mais de dez vezes o valor investido em 1997. Sem mencionar a aquisição da mineradora canadense de níquel Inco, por US$ 18 bilhões. O setor de telecomunicações investiu R$ 165 bilhões no período 1996-2005.A Vale do Rio Doce, que tinha 11 mil funcionários em 1997, em 2006 tem 44 mil empregados diretos e 93 mil indiretos. Além disso, seus investimentos poderão criar mais 33 mil empregos diretos entre 2005 e 2010, além do mesmo número de empregos indiretos, ou seja, 66 mil novos empregos. Os postos de trabalho no setor de telecomunicações, inferiores a 200 mil antes de 2000, hoje ultrapassam os 300 mil.Do ponto de vista da responsabilidade ambiental, a mudança é paradigmática. As empresas estatais eram grandes poluidores do meio ambiente, negligenciando as proteções mínimas necessárias às suas atividades. A CSN, conhecida como 'monstro do Paraíba' por despejar resíduos tóxicos no rio que abastece o Estado do Rio de Janeiro, tornou-se exemplo de respeito ao meio ambiente após investir centenas de milhões de dólares em equipamentos preventivos e em recuperação de áreas degradadas. A Cosipa fez igualmente investimentos significativos, tornando uma história do passado os graves problemas decorrentes do descaso ambiental da então empresa estatal.Do ponto de vista da inclusão social, o caso das telecomunicações é único no mundo. Em menos de uma década se reverteu um quadro pré-histórico em que para ter um telefone era preciso pagar uma assinatura durante cerca de cinco anos, sem a garantia de ter a tão sonhada linha. A linha era um ativo tão caro que era declarada no Imposto de Renda! Claro que somente as classes A e B tinham acesso a esse serviço. Hoje os serviços de telecomunicações (fixo, móvel, TV por assinatura e banda larga) são prestados a 141 milhões de brasileiros. A base de clientes de telefones celulares cresceu mais de 1.300%, de 7 milhões em 1998, para cerca de 100 milhões atualmente. Ainda mais importante: desse total, 60 milhões são das classes C, D e E. Como essa população não tinha acesso a esses serviços, tem-se o maior instrumento de inclusão social já visto neste país. Em relação ao acesso fixo ou celular nas residências, em 1998 apenas 32% tinham acesso aos serviços. Em 2005, 72% dos domicílios já desfrutavam esses serviços - um espetacular aumento de 124%.A maior competição e concorrência, com a vinda de novas empresas para investir e operar no País, e a competição entre empresas privatizadas, como na siderurgia e nas telecomunicações, antes sob o guarda-chuva de cartéis estatais (Siderbrás e Telebrás), fortaleceram o papel do consumidor e reduziram preços de produtos e serviços. Tudo isto aliado a um inequívoco aumento na qualidade de ambos.O processo de privatização também teve forte impacto na profissionalização da gestão das empresas, movimento que se espalhou por toda a economia, com reflexos positivos na governança, no respeito à comunidade, ao meio ambiente, aos empregados, fornecedores, clientes e acionistas. Estas mudanças igualmente se refletiram no fortalecimento do mercado de capitais, com a forte elevação do valor de mercado das empresas agora privadas.Muito mais pode ser dito sobre os aspectos positivos das privatizações. Como em relação aos bancos estaduais, antigos fomentadores de déficit público e inflação, e à contribuição das empresas privatizadas às exportações. Mas o que cabe perguntar é por que, no debate eleitoral, oportunidade ímpar para a discussão dos problemas nacionais, não se discute a fundo a - esta, sim - indesejada privatização dos serviços essenciais à população, como saúde, segurança e educação. Debate inadiável num país em que apenas a população de alta renda tem acesso a serviços de qualidade, ficando as classes menos favorecidas desguarnecidas e sem esperança.Maria Silvia Bastos Marques foi diretora financeira do BNDES, secretária de Fazenda da cidade do Rio de Janeiro e presidente da CSN
http://www.estado.com.br/editorias/2006/10/25/opi-1.93.29.20061025.1.1.xml

Monday, October 16, 2006

Onde nascem os golpes

É aí que se armam os golpes. Vejam o Noço Guia saindo de fininho. Por isso ele não sabe de nada.
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A herança bendita que Lula esconde

Mais algumas informações sobre a mendira do pt sobre a herança FHC

Editorial em O Estado de São Paulo

Quem quiser avaliar os feitos econômicos do atual governo e compará-los com o de seu antecessor - um exercício que parece deliciar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - deve olhar, antes de mais nada, para as condições mundiais e regionais. Se a economia brasileira crescer 3,5% neste ano, terá acumulado em quatro anos uma expansão de 11,6%. Terá crescido em média, portanto, modestíssimos 2,8% ao ano. No mesmo período, a produção mundial terá aumentado robustos 4,8% ao ano, enquanto a América Latina terá avançado ao ritmo anual médio de 4,2% - um desempenho raramente observado na região. Foi desperdiçada uma fase de oportunidades excepcionais. Nos oito anos anteriores, a economia brasileira cresceu em média 2,3% ao ano - mas a expansão mundial, afetada por violentas crises financeiras, não passou da média anual de 3,6%. O crescimento latino-americano ficou em 1,5% ao ano. Antes de ser atingida pela crise cambial de janeiro de 1999, a economia brasileira atravessou as crises do México, em 1995, do Leste da Ásia, em 1997, e da Rússia, em 1998. Mas o pequeno crescimento do período foi compensado pelas mais ambiciosas reformas realizadas em décadas, sem as quais teria sido impossível domar a inflação e reorganizar a economia nacional - premissas que, respeitadas por Lula, resultaram nos poucos êxitos de seu governo.
Já a gestão petista ocorreu numa fase de bonança internacional e com dinheiro de sobra nos mercados, condições que o governo Lula deixou passar quase sem proveito para o Brasil, apesar de ter recebido como “herança bendita” uma base institucional amplamente modernizada.
Qualquer pessoa capaz de uma comparação honesta poderia contentar-se com esses dados. Mas há muitos mais. O presidente Lula costuma dizer que encontrou o Brasil quebrado e imerso na inflação e que precisou reerguê-lo. Mas a crise de 2002, como sabe qualquer pessoa razoavelmente informada, foi conseqüência das tolices de um partido que defendia o calote da dívida pública e outras irresponsabilidades. O Executivo e o Banco Central só puderam vencer a crise, a partir de 2003, porque herdaram instrumentos monetários e cambiais forjados na gestão anterior. A maior parte dos preços havia sido desindexada - contra a resistência do PT. A política monetária havia sido restaurada, graças ao saneamento e venda dos bancos estaduais, as metas de inflação estavam implantadas, o câmbio era flexível e já funcionava o sistema de metas fiscais - tudo isso também a despeito da oposição do PT.
O ministro Antonio Palocci, que sustentou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, contra a opinião do PT e de vários conselheiros presidenciais, reconheceu mais de uma vez a importância do que fora realizado nos anos 90, sem o que não poderia ter tido o êxito que teve em sua política macroeconômica. O presidente Lula nunca teve grandeza para isso.
A diversificação de mercados, outro ponto ressaltado pelo presidente em seus surtos de auto-elogio, também não é novidade. Há décadas o Brasil comercia com países de todas as partes do mundo. Essa característica acentuou-se nos anos 90 e isso é mostrado pelas séries históricas. Além disso, a expansão das exportações, como mostra um estudo da Funcex, já havia começado antes do governo petista. Em 2002 a China já era um dos maiores parceiros comerciais do Brasil e o comércio com Índia e Rússia já estava em expansão.
A decantada auto-suficiência em petróleo também não resultou da ação deste governo, mas de um processo iniciado há décadas e acelerado a partir dos anos 70, com a exploração da plataforma marítima.
As privatizações que o presidente-candidato condena envolveram empresas que o setor privado administrou com uma eficiência que o Estado nunca demonstrou, como mostram os resultados da Vale do Rio Doce, das usinas siderúrgicas e das teles.
Quanto à melhora das condições de consumo, tem resultado em grande parte da expansão da oferta de alimentos, permitida pela modernização do agronegócio - grandes, médios e pequenos produtores de verdade, tratados como inimigos pelo governo petista.
Estes são alguns fatos que o presidente procura esconder, para não ter de admitir que as políticas sociais que lhe renderam a liderança na disputa eleitoral não teriam sido possíveis sem a herança bendita de FHC.

Saturday, October 14, 2006

Comentário de Arnaldo Jabor

Veja comentário sobre o debate da Band de Arnaldo Jabor na CNN que o pt censurou. Clique aqui.

Friday, October 06, 2006

A comparação que importa - Rolf Kuntz

A comparação que importa

Rolf Kuntz, O Estado de S. Paulo (05/10/06)

Talvez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua assustadora simplicidade, acredite mesmo que seu governo fez mais em economia do que o governo anterior. Seus opositores, disse ontem o candidato-presidente, em reunião de campanha no Palácio da Alvorada, não têm argumentos para debater política econômica, política social e desenvolvimento, “porque os estudos comparativos são mortais em relação aos oito anos deles”.O brigadeiro Faria Lima, um dos prefeitos mais empreendedores da história de São Paulo, poderia ter dito algo semelhante sobre seu antecessor, Prestes Maia. Mas não o disse, porque sabia muito bem que não tinha sentido comparar suas obras com as do prefeito anterior. Sabia muito bem, como todo cidadão informado, que só pôde realizar um notável programa de investimentos porque um penoso trabalho de saneamento financeiro havia sido realizado na gestão precedente. A comparação entre os dois governos, portanto, só poderia ser qualitativa. Nesse aspecto o mais justo é dizer que empataram e que Faria Lima foi um sucessor à altura de Prestes Maia.Não se pode fazer a mesma afirmação sobre o atual governo. Para começar, as críticas importantes ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso já foram feitas há muito tempo. Lula e seus companheiros nada acrescentaram de relevante a essas avaliações. O governo FHC falhou em aspectos importantes do planejamento. O apagão foi a conseqüência mais grave dessa falha. Errou também ao manter por tempo excessivo o câmbio administrado. Esse engano gerou a crise de 1999. Também a política fiscal demorou a entrar nos eixos.Tudo isso foi discutido com inteligência por muitos analistas, há anos. A contribuição dos petistas a esse debate foi singularmente inexpressiva, talvez porque eles tenham demorado a perceber os fatos. Também isto não é novidade. Afinal, eles continuavam preocupados, no final dos anos 90, com o calote da dívida pública e insanidades semelhantes. A Carta aos Brasileiros, em 2002, foi o reconhecimento desse erro.Apesar de todas as falhas, o saldo da política econômica nos anos 90 foi extraordinariamente positivo. A primeira grande realização desse período foi o controle de uma inflação que se media em milhares de pontos porcentuais por ano. Os primeiros lances foram dados em 1994 e o resultado se consolidou na gestão seguinte. Não houve mágica. A maior parte dos preços foi desindexada. A abertura econômica permitiu que a competição ajudasse a regular os preços internos. A política monetária foi reconstruída, penosamente, a partir do saneamento dos bancos estaduais e do refinanciamento das dívidas de Estados e municípios. Foi uma tarefa monumental, por sua complexidade política. Nada remotamente semelhante foi realizado na administração petista.Sem a gestão monetária reconstruída peça por peça e ajustada pelo padrão das metas, o governo do presidente Lula não teria conseguido, em 2003, vencer o surto inflacionário do ano anterior. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, poderia confirmar esse dado ao presidente, se ele tivesse curiosidade e honestidade intelectual para perguntar-lhe. Quanto ao surto, foi uma herança maldita, sim, mas da irresponsabilidade dos petistas que haviam apoiado o plebiscito sobre a dívida e defendido políticas desacreditadas.Os instrumentos forjados pelo governo anterior permitiram que os petistas, no poder, superassem as conseqüências dos próprios erros. Esses instrumentos nunca teriam sido forjados, se as políticas defendidas pelos petistas houvessem prevalecido nos anos 90.O governo petista herdou da gestão anterior, além dos instrumentos monetários, leis de Responsabilidade Fiscal que introduziram padrões absolutamente novos - e revolucionários - na gestão financeira do setor público. Nenhuma inovação de alcance comparável - repita-se - foi produzida nos últimos quatro anos. A iniciativa mais audaciosa deste governo, a reforma tributária, murchou e ficou reduzida a meia dúzia de mudanças pouco significativas.A diversificação de mercados, ao contrário do que repete o presidente, não resultou de suas viagens e muito menos de seus vexames internacionais. Já vinha ocorrendo nos anos 90, como demonstram as séries numéricas do comércio internacional. O processo apenas se desenvolveu, graças à iniciativa dos empresários - porque a diplomacia comercial petista só produziu fracassos. É esta a comparação relevante. Quanto à política social, nem os seus principais instrumentos foram criados, de fato, pelo atual governo. Sua grande marca foi aparelhar e lotear a máquina pública.
*Rolf Kuntz é jornalista
http://www.estado.com.br/editorias/2006/10/05/eco-1.93.4.20061005.75.1.xml

Thursday, October 05, 2006

O 2º turno - Lula x FHC

Ainda não tive oportunidade de festejar pelo nosso 2º turno. Foi sofrido mas fomos. E eu e mais um sem número de brasileiros começaram a aliviar suas ansiedades. O apedeuta começa a cair. Mas, infelizmente ainda não está no chão. E ao menor descuido, da a volta por cima. Pois a desfaçatez e a dissimulação encontraram no pt a definitiva morada. Já começamos errando

Wednesday, October 04, 2006

Bom para o Brasil

"Faltaram alguns pontos percentuais, coisa de zero vírgula não sei o quê, para que ele tivesse ganho. Lula só não ganhou no primeiro turno porque isso é bom para o Brasil."
JOSÉ ALENCAR vice-presidente da República, ontem na Folha.

Que coisa mais humilde. O grande deus, novamente com sua sabedoria resolveu não ganhar a eleição no primeiro turno sempre pensando no bem do Brasil. Como não temos coração ao criticá-lo.
Realmente, o apedeuta está extrapolando todas a previsões em matéria de arrogância e messianismo. E contamina toda sua trupe.

Thursday, September 28, 2006

Lojinha do Mercadante

Para quem não viu o debate da Globo, segue a informação: o Mercadante já sabe como comprar aquele laptop do Negroponte de US$ 100.00. Em comparação ao custo para o estado de um preso ele citou o dito laptop. Ainda não está totalmente definido, mas devido a penetração do pt no mundo acredito que eles possam resolver o problema rapidinho. Meu único receio é que eles façam financiamento via valerioduto.

Colaboração do pt à campanha Mercadante

Lembram da Marta com seu projeto belezura e coisas que tais? Pois bem, essa é a valorosa contribuição de nossa memorável prefeita à campanha de seu "colega" Mercadante. Baseado nela é que apareceu o bordão "...no meu governo a educação vai ser uma paixão". E a contribuição do apedeuta é no tom de sua fala. Mansa, meio rouca, um jeito humilde. Com essa contribuição (aliás é o máximo a se esperar dos citados) só não ganha a eleição por que não quer.

Tuesday, September 26, 2006

Lula e a Imprensa

É sempre surpreendente a ótica do pt. Já não é a primeira vez que ouço o apedeuta falar que se a imprensa tivesse com ele um pouco da condescendência que teve com FHC a eleição de 1º de outubro já estaria definida há meses. Eu acho que na visão dele, para a imprensa ser favorável a ele seria necessário manchetes em todos os cadernos com algo do tipo "Nosso Guia é o maior e o melhor". Todos os dias. Por que de resto, em qualquer análise, a imprensa ainda tem muito da esquerdopatia que olha Lula, Chaves, Morales, Fidel com olhos muito benevolentes. FHC foi taxado de arrogante, vaidoso e tantos outros adjetivos que nem vale a pena mencionar. Foi massacrado por algumas frases retiradas de contexto e ainda hoje coladas a ele. Foi eternizado por uma frase que jamais disse (Esqueçam o que escrevi...). Imaginem se FHC se comparasse a Deus... E se enviasse D. Ruth representado o Brasil em uma solenidade de posse de um presidente da AL, apesar dela ser internacionalmente conhecida e de longe apta a fazê-lo, ao contrário da atual 1ª dama. E poderíamos falar e citar exemplos por um texto imenso. A história ainda fará as devidas retificações. Com certeza com relação a FHC, por que com relação a Lula acho que a parte dele na história será somente o período de desgoverno. O que já é muito.

Friday, September 22, 2006

O Chefão, de Otavio Frias Filho na Folha de 21/09/06

Abaixo texto de Otávio Frias Filho na edição de 21/09/06 da Folha de São Paulo

"O chefão
O MAIS recente escândalo envolvendo Lula & Cia. tornou evidentes duas coisas. A primeira já era sabida desde pelo menos o escândalo do mensalão, há mais de um ano. Ou seja, a cúpula petista instalou uma máfia sindical-partidária no aparelho do Estado. A função dessa máfia é garantir condições para que Lula e seu grupo se eternizem no poder. O método é desviar recursos públicos e privados para financiar campanhas eleitorais, comprar adesões no Congresso e montar operações de intimidação contra eventuais adversários. Embora ocupando postos de pouca visibilidade, o que caracteriza os integrantes da máfia é a lealdade antiga e canina a Lula, o chefão. São operadores acostumados a agir nas sombras da delinqüência municipal. Sua ação é agora "legitimada" por intelectuais como Marilena Chaui e Rose Marie Muraro, para as quais o imoral é moral se for bom para a cúpula do partido. Todo governo tem nichos de corrupção, muitas vezes incrustados na vizinhança dos amigos do presidente. Mas são esquemas paralelos, de caráter "particular". Traduzem a sobrevivência do velho patrimonialismo brasileiro. Onde o PT inovou foi ao estender esses pequenos esquemas ao aparelho governamental inteiro, dando-lhes, além de comando unificado, um caráter partidário e permanente. De fato a corrupção se tornou "sistêmica", como querem os apologistas do governo. Não no sentido de resultar das mazelas do nosso sistema político, mas por configurar uma máquina impessoal agindo dentro do Estado. O "dossiêgate", como vem sendo chamado, revelou no entanto algo mais perturbador do que essa notícia velha. Tornou evidente que, sob o beneplácito de Lula, a máfia continua a agir de modo cada vez mais desabrido. A impunidade, como era de se prever, gerou a desfaçatez. O favoritismo eleitoral de Lula, turbinado pelas políticas de transferência de renda, aumentou ainda mais a sensação de impunidade. E espicaçou o atrevimento, a ponto de a facção mafiosa correr o risco de prejudicar a reeleição do chefe na tentativa de reverter a vantagem dos tucanos na eleição paulista. O próprio Lula pergunta retoricamente o que teria a ganhar com uma operação criminal desse tipo, estando sua reeleição quase assegurada. É que em geral os asseclas são mais realistas que o rei. É que cedo ou tarde a "turma" passa a agir por conta própria. Para ilustrar a constatação, basta lembrar que foi exatamente assim que o chefe de segurança de Getúlio mandou matar Lacerda, a principal voz da oposição em 1954, num crime imbecil que derrubaria o presidente em qualquer democracia. Se houver segundo mandato, haverá muito trabalho para o Ministério Público, para o Judiciário e para o que restar de imprensa independente "neste país".
OTAVIO FRIAS FILHO é diretor de Redação da Folha
"

Rede de Impunidade

Abaixo íntegra do editorial da Folha de São Paulo de 21/09/06


"Rede de impunidade:
Lula perdeu chances que teve para acabar com o modo de ação autoritário e corrupto de grupos petistas no governo

JORGE LORENZETTI, diretor de banco público, colaborador de uma fundação agraciada com R$ 18 milhões em recursos federais e churrasqueiro presidencial, era "analista de risco e mídia" da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva; Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho que, segundo "Época", formou dupla com Lorenzetti para oferecer à revista um dossiê contra os tucanos, atuava no programa de governo.
Ricardo Berzoini, ex-ministro que só anteontem se lembrou de que fora avisado da negociação com o semanário, preside o PT e chefiava a campanha à reeleição. Expedito Veloso, o mais novo personagem do enredo, deixou ontem a diretoria de Gestão de Riscos do Banco do Brasil.
Esse é, passado o momento inicial da chamada crise do dossiê, o primeiro esboço do "dispositivo" petista posto em marcha na tentativa de comprar informações contra adversários. A responsabilidade de Berzoini, demitido ontem da coordenação da campanha, não desaparece quando diz que desconhecia o conteúdo da conversa de um subordinado com a imprensa. Se soube do encontro, mas não procurou informar-se do assunto a ser abordado, no mínimo se omitiu.
Conceda-se a Berzoini em um ponto. Dentro do grande mapa das falcatruas em que seus correligionários foram flagrados ao longo do governo Lula, a alegação do presidente petista de que não sabia de nada ganha sentido. Do mesmo modo que o presidente da República diz ignorar o que ocorria nos gabinetes vizinhos, as arapongagens de subordinados teriam passado ao largo do chefe da campanha do PT.
Tanta desinformação poderia soar a descontrole. A repetição "ad nauseam" dos desmandos, no entanto, vai revelando uma certa ordem no caos aparente. Nessa lógica, a ignorância a respeito do que se faz nos escalões inferiores do partido e do governo interessa aos chefes hierárquicos. O nada saber é o mecanismo que inibe que a "queda de um aparelho" venha a comprometer toda a organização.
Táticas herdadas da guerrilha urbana, solidariedades forjadas em décadas de luta entre grupos sindicais e acesso facilitado aos cofres e aos contratos públicos -aos financiadores da política, portanto- se amalgamam para formar a rede "lulo-petista". Os grupos se movem com relativa autonomia, parecem fazer o que bem entendem, conspurcam as fronteiras entre Estado e partido, mas estão todos conectados entre si a sustentar um projeto de permanência no poder.
Lula teve várias oportunidades para liquidar esse submundo corrupto e autoritário instalado na máquina federal; teve meios para patrocinar depuração radical em seu partido. A imposição de uma derrota cabal ao modo "companheiro" de gerir o Estado era necessária. Mas o presidente preferiu o despiste e a acomodação. Foi o maior patrocinador da impunidade, alimento da desfaçatez que levou um grupo de "companheiros" a tentar comprar delações com dinheiro sujo em plena reta final da campanha.
Agiu bem o TSE ao abrir investigação sobre o caso do dossiê. O melhor antídoto contra a delinqüência em rede é o estabelecimento das responsabilidades de cada um -o que o tribunal tem todas as condições de fazer."

Thursday, September 21, 2006

Dois pesos...

Muito interessante. Acabo de ver no Jornal da Globo o Grande Nariz falar que é uma determinação da PF não deixar vazar imagens que possam ser utilizadas eleitoralmente (fotos do dinheiro que estava em poder dos ilibados portadores do pt). Pergunto, e as fotos e outros detalhes do falso dossiê, porque não sofreu o mesmo tipo de 'determinação'???
É..., estranhos esses tempos. E temo que se 1º de outubro não nos trouxer uma surpresa, tempos mais estranhos virão.

A quem interessa "melar" as eleições

O descaramento do lulo-petismo não tem limites. A capacidade de distorcer os fatos é incomensurável. Ante-ontem em NY (quem diria, hein? O apedeuta falando em NY. E para gari exige-se pelo menos o 1º grau...), cercado por jornalistas ele soltou: "...deve-se perguntar a quem interessaria 'melar' as eleições a esta altura...". Respondo sr apedeuta. Se tem um partido capaz disso, por possibilidade de ações e convicções, esse partido é o pt. Claro que ele não queria "melar" a eleição. A intenção era muito mais "nobre". Era "melar" somente a vitória praticamente certa de Serra em SP. Infelizmente (felizmente para os brasileiros) o jogo sujo não deu certo. E aí surge o sr com essa pergunta ridícula, como quem diz que alguém está tentando prejudicá-lo na eleição???? Haja capacidade de dissimulação. Haja desfaçatez. E esse comportamento é a linha mestra de todos dessa "raça". O sr. Mercadante dizia surpreso que se pudesse imaginar que alguém faria algo que prejudicasse a eleição praticamente ganha do apedeuta. Ora sr Mercadante. Até minha filhinha pequena sabia que a intenção era facilitar a sua vida em SP. Como quer ser governador com essa capacidade de raciocínio lógico??? Ah, já sei. É baseado no raciocínio também impressionante do chefe...

Saturday, September 02, 2006

lula X FHC

Outro dia o apedeuta mor em discurso fez o que mais sabe (???). Falar mal de FHC. Disse que o ex-presidente é o responsável por tudo o que há de errado nas terras tupiniquins. Fosse ele, o molusco, quem estivesse ao leme desde 1994, estaríamos no encalço dos EUA. Quiçá a frente. Surpreso? Existe alguma barbaridade que esse infeliz fale ou faça que possa me deixar surpreso? Duvido. Herdou um país "redondo", se comparado ao recebido por FHC. Não enfrentou nenhuma crise internacional. Internas somente as crises geradas (geridas?!?!) por ele mesmo. E o que fez? O que criou? O que crescemos? Até a maior bandeira e vergonhosamente usada eleitoralmente, o bolsa família não foi além de unir em uma só sigla a rede de proteção social criada por FHC. Diz que colocou em ordem a economia do país assim que o recebeu. Mas qual era a desordem, cara pálida? A desordem era exatamente o apedeuta. Na época o mercado achava que ele era capaz fazer aquele monte de bobagens que pregou aos quatro cantos em 2o e poucos anos de "dolce far niente". E para voltar à normalidade já antes conseguida, nada de especial. Apenas seguir a receita de....FHC. E as pitadas de seu tempero colocadas, só serviram para radicalizar , criando mais efeitos indesejáveis. Então, onde está o mérito desse governo? Meu Deus, será que teremos que engolir mais 4 (????) anos desse saque aos cofres e à nossa inteligência? Não, eu ainda acho que em 01/10/06 eu vou reler essas "memórias" e agradecer a Deus por termos quebrado a sequência. Afinal, o que esperar de gente que tem como ídolos Fidel Castro, URSS, Hugo Chaves etc.

Wednesday, August 23, 2006

Cuidado que Lula se apossa da ética de novo

Vejo como estão ficando longe meus sonhos. Infelizmente. E vou cobrar o PSDB sempre pelo período obscurantista que enfrentaremos. Primeiro abandonaram quem tinha favoritismo sobre Lula para escolher um desconhecido nacional com menos da metade das intenções de voto. Depois abandonaram Alckmin à própria sorte e teimosia. O que pretende a campanha de Alckmin? No governo mais corrupto da história deste país, eu só vejo menção disso no "Casseta e Planeta". Daqui a pouco Lula estará novamente estendendo a bandeira da ética novamente. Cara de pau para isso ele tem. E a oposição só falta dar apoio a ele, ficando na defensiva. Como eu gostaria e abrir esse "diário" em 02/10 e ver como estava enganado.

Thursday, August 17, 2006

Ditos não feitos - Miriam Leitão

Abaixo texto de Miriam Leitão, publicado em O Globo de 10/08/06

Ditos não feitos
De Miriam Leitão, O Globo (10/08/06)
Em abril e julho de 2002, o então candidato Lula me deu duas entrevistas no “Espaço Aberto”, da Globonews. Não há relação entre o que ele dizia e o que ele fez. Disse que mudaria a política econômica porque para isso o PT estava concorrendo; afirmou não acreditar “nesses fundamentos econômicos”; prometeu uma reforma tributária para acabar com PIS, Cofins e CPMF. Pediu que eu cobrasse dele a seguinte promessa: acabar com as ocupações de terra e mortes no campo. A cobrança: até março deste ano os dados do próprio governo são de que houve 880 ocupações de terra e 72 mortes em conflitos agrários. Visto com olhos de hoje, Lula está irreconhecível, exceto pelos clichês que ainda usa. Ele garantiu em todos os momentos daquela campanha que só ele poderia lidar com a questão dos sem terra. Na entrevista que me concedeu em abril de 2002, ele foi além. — Eu vou lhe dizer uma coisa, e eu vou lhe dizer porque quero que você me cobre. Pode me cobrar em 14 meses. Nós somos a única possibilidade de fazer a reforma agrária sem uma morte e sem uma ocupação. Vamos nos sentar em torno de uma mesa, temos 90 milhões de hectares que não estão produzindo e que poderiam ser usados para a reforma agrária. Vamos fazer um fórum para discutir a questão. Perguntei sobre os grupos mais radicais e ele respondeu: — O país tem regras e leis. Não existe espaço para sectarismos. Aí entra o papel do Estado. Como ele pediu cobrança, aqui está: Lula não apenas não cumpriu essa promessa, como no primeiro ano o número de ocupações pulou de 103 para 222, e as mortes, de 20 para 42. Só nos primeiros três meses de 2006 houve mais ocupações do que em todo o ano de 2002. Por causa da sua ambigüidade, o governo não conseguiu estabelecer a fronteira entre a reivindicação justa e o desrespeito às leis do país. Na segunda entrevista, o PT já havia divulgado a Carta aos Brasileiros, com promessas de manter a política econômica, mas, nos comícios, o candidato dizia o oposto. Em São Bernardo havia dito, uma semana antes, que iria mudar a política econômica no primeiro dia. Perguntei em qual Lula deveria acreditar. — A Carta ao Povo Brasileiro foi escrita em função de uma crise de mercado; a gente assumiu o compromisso de manter o superávit primário e metas de inflação. Esse era o limite da nossa conversa para os investidores, porque sabemos que tem um tempo de transição. A busca de mudança do modelo econômico tem que ser uma constante, só para isso é que o PT está concorrendo às eleições para presidente. Nós não acreditamos nesses fundamentos da política econômica que subordinou o país. Como não podemos mudar do dia para a noite, não vamos fazer isso a toque de caixa, temos que ter um tempo de transição. Temos que fazer com que haja mecanismos para que esse país possa até ter um superávit primário se ele arrecadar mais, acabar com a sonegação, acabar com a corrupção. Voltei ao tema e perguntei se o que ele queria dizer era que o que estava escrito na Carta era só temporário. E ele respondeu: — É lógico. O compromisso é fazermos uma transição para um modelo que acredite na produção. A reforma tributária foi tema nos dois programas e ele prometeu fazê-la: — O companheiro Palocci apresentou uma proposta de reforma tributária com apoio de todos os partidos. E não foi feita. Significa que esse governo não quer fazer a reforma tributária. A reforma seria: reduzir a carga tributária, mudar o Imposto de Renda criando uma alíquota de 5% até a mais alta de 50%, desonerar a produção acabando com PIS, Cofins e CPMF, desonerar a exportação, tributar as grandes fortunas e as heranças. Sobre a CPMF ele disse que reduziria a alíquota para 0,08% já em 2004, deixando apenas com sentido fiscalizatório. Na segunda entrevista, prometeu uma reforma tributária emergencial e culpou o governo da época que “não age e não faz”. Ele prometeu também “vontade política” para reduzir os juros. No item segurança há igualmente distância entre o dito e o feito: — O governo federal vai assumir a responsabilidade de ser o gestor na área de segurança, o governo vai assumir a construção de presídios federais, vai unificar as ações policiais de Roraima ao Rio Grande do Sul. Na política social, ele defendia a versão original do Fome Zero, que era a distribuição de um cupom para ser usado em supermercados cadastrados em troca de comida. Perguntei se não era melhor investir em Bolsa Escola em vez de em um programa assim tão burocrático. — O Fome Zero quer resolver o problema da fome e tem alternativas como cesta básica, por exemplo. Com o cupom, o cidadão vai ao supermercado e compra comida, e vamos cadastrar todos os supermercados. Essa idéia era ruim, foi abandonada sem ter sido implementada, e o que funcionou foi mesmo uma versão ampla do Bolsa Escola, que mudou de nome para Bolsa Família. Claro que na prática muita teoria se comprova errada. Mas impressiona a distância entre as promessas de Lula e seu governo.

Lula, devolve minha esperança - Gustavo Ioschpe

Abaixo reproduzo texto de Gustavo Ioschpe publicado na folha de São Paulo em 15/08/06 sobre seus sentimentos com relação a este "governo". Ainda sem a pretensão de que um visitante o leia, mais por guardar minha memória. O grifo da última frase é meu.

Gustavo Ioschpe Lula, devolve a minha esperança!
"MUDANÇA." Foi a primeira palavra dita por nosso presidente em seu discurso de posse. Quase quatro anos depois, não se pode dizer que o objetivo não tenha sido alcançado. O Brasil mudou. Não no que o presidente e seus eleitores de 2002 tinham em mente: a substituição de um modelo econômico "que, em vez de gerar crescimento, produziu estagnação, desemprego e fome". O modelo ortodoxo foi agudizado. O crescimento continuou pífio, o desemprego, alto; a fome zero ficou como relíquia de uma época de intenções tão nobres quanto inexequíveis. A desigualdade caiu e a miséria diminuiu, é verdade. Mais pelo empobrecimento dos ricos do que pelo enriquecimento dos pobres. A pobreza continuará se reproduzindo. Na educação, chave para qualquer possibilidade de desenvolvimento sustentado, os retrocessos foram muitos. Fim do Provão e o engodo do Prouni, promessas de mais e mais dinheiro quando se sabe que o problema não é financeiro, mas de qualidade. O Brasil ficou mais violento. Acomodamo-nos a uma situação de guerrilha urbana. Viramos reféns. Mas tudo isso pouco importa. A marca desse mandato foi o aniquilamento das esperanças que tínhamos em relação ao país. Sempre acreditamos que, removidos este e aquele obstáculo, alcançaríamos os países desenvolvidos. Duvido que muitos ainda pensem assim. Esse presidente chegou ao poder amparado em dois pilares: a criação de um novo modelo econômico e a ética na gestão pública. A primeira já havia sido abandonada na Carta ao Povo Brasileiro. A segunda foi enterrada por uma volúpia jamais vista no assalto aos cofres públicos. A espinha dorsal da idéia republicana foi rompida em ao menos duas ocasiões: quando recursos públicos foram desviados para comprar voto de parlamentares e quando o Estado usou de suas instituições para violar o sigilo bancário de um zé-ninguém. A desfaçatez e a canalhice não conheceram limites. E nós, sociedade, não demos um pio. Porque a nossa moralidade também já foi carcomida pelos pequenos delitos que vemos e cometemos todo dia. Sobraram poucas freiras nesse bordel. Para onde quer que olhemos, só vemos mensaleiros, sanguessugas e patifes. Esse é o crime desse governo: roubou-nos a esperança. E tudo indica que daqui a quatro anos olharemos para esse repugnante ano de 2006 e pensaremos: éramos felizes e não sabíamos!
GUSTAVO IOSCHPE é mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade Yale (EUA)

Monday, August 14, 2006

Terrorismo

Muito bem. Deixaram chegar a isso. Agora saiam disso. Com a irresponsabilidade que é peculiar nesse governo, o seu descaso com o que não for de seu próprio interesse é possível que tenhamos chegado ao início da era do terror. Talvez isso não seja nem parte da irresponsabilidade e da incompetência, mas estratégia para chegar ao seu objetivo de poder contínuo. Agora viremos o Sr. Bastos tentar enganar mais uma vez oferecendo seu exército ou sua força de segurança nacional, que mal sabem cumprir de suas incumbências quanto mais agir contra terrorismo, haja vista que o serviço de segurança de Israel, um dos melhores do mundo, senão o melhor, não consegue segurar todos os atentados em seu território (que deve ter o tamanho de Sergipe ou Paraíba, por aí...). Não vai falar de todo o dinheiro que deixou de ser aplicado pelo Ignorácio em segurança, das políticas de segurança que estão aguardando ser votadas desde o primeiro ataque do pcc, etc. Vai afirmar que os 10.000 soldados do exército ou os caraminguás da fsn (menos de 10% do contingente de segurança de SP) acabariam com os ataques do pcc em SP. Pode ser até que acabe. Mas não será pelo trabalho deles, se me faço ser claro....

"...Enquanto o filho do presidente, de repente, ganha R$ 15 milhões de uma empresa pública. Como é que pode isso?"

Este post já era para ter ido ao ar alguns dias (ou semanas?) atras. Mas é sempre bom registrar, mesmo sendo passado. Em um encontro com empresários HH falou "Eu não arranjo para meu filho nem um estágio. Enquanto o filho do presidente, de repente, ganha R$ 15 milhões de uma empresa pública. Como é que pode isso?" . Em uma das manchetes da Folha do dia 24/07/06, abaixo da foto constava apenas "Eu não arranjo para meu filho nem um estágio...". Para aqueles que lêem somente as primeiras páginas dos jornais ficam sem entender o que ela dizia. Ficou de fora o mais importante de tudo. Porque não colocar "...Enquanto o filho do presidente, de repente, ganha R$ 15 milhões de uma empresa pública. Como é que pode isso?" . Não ficaria mais esclarecedor do intenção da candidata????

Monday, July 31, 2006

Meu blog

Não sei se alguém mais do que eu passou por esse blog. O "site meter" que tem no rodapé da página nunca me esclarece, porque eu esqueço de contar quantas vezes eu mesmo "visitei-me" entre uma olhada e outra. Mas acredito que ninguém perdeu seu tempo, até porque se alguém o fizesse certamente colocaria um comentário indecoroso a respeito deste. Mas se alguém parar, este é só um lugar onde coloco alguma parte do que eu penso, só para compartilhar comigo mesmo. Sigam em frente

Wednesday, July 26, 2006

Lula quer dar o osso

E o Lula disse que teve que roer o osso. Que osso ele roeu??? Claro, pegou o país um pouco transtornado, com inflação em alta, crédito em baixa, dolar nas alturas... mas, porquê? Ao que me consta todos esses fatos tiveram uma única origem. O fator PT. Até então ninguém sabia que estava diante de um próximo estelionato eleitoral. Até a "carta ao povo brasileiro" e uma intensa peregrinação de Palocci, o mercado estava em furor. Acaso estivesse o Serra com a vitória desenhada, alguém acredita que o dolar, inflação, risco-país sairiam de controle? Então, os grandes problemas que o grande mestre encontrou foram criados por ele (e os seus) mesmo. O que me espanta é que ninguém fala isso. O gm, o Dirceu e o PT falaram todo o tempo em "herança maldita" e ninguém contestou. Falavam que encontraram o Brasil com inflação e dolar fora de controle e em lugar nenhum se falava o que realmente aconteceu. Porquê? Eu não sei. Talvez porque a imprensa seja neutra, não tem posição, não sabe nada...etc. Hoje, no palanque, Lula e o PT falam que arrumaram o Brasil, deixaram-no "ajeitadinho". O que foi feito de consistente? A política econômica, independente de mais ou menos rigor é a mesma dos tempos FHC. Eles dizem que é algo completamente diferente e ninguém é capaz de contestá-lo. Apenas registram "O governo fala que a política econômica é totalmente diferente....". Será que ninguem pode relatar que apesar de o governo dizer, não mudou nada, a não ser a intensidade da aplicação das medidas (errada, ainda a meu ver)? Ainda permitimos que o pt (minúsculo mesmo) fale do que ele chama farra cambial de 98. E hoje???Naquela época o Real ainda estava em fase que exigia mais cuidados e havia um receio de que tudo pudesse dar errado (engenharia de obra acabada é fácil). E hoje. "Ajeidadinho" que eles chamam é a agricultura na situação que está? São as invasões de terras na intensidade que está? É a prática de tentar dar à democracia a cara que melhor lhe parece em determinado momento? É o Evo Morales, Hugo Chaves e Fidel dizendo os rumos da AL e do Brasil? É a Bolívia roubando nossas empresas e nós dando linha de crédito do BNDES? É ter de ouvir o gm falar tanta asneira e achar bonito porque ele é do "povo" (claro que do povo quase milionário). Juro que rezo a Deus todos os dias para que tenhamos sabedoria em outubro. Nós não merecemos mais disso. O país não merece.

Tuesday, July 25, 2006

Herança maldita que recebeu FHC

Interessante como nunca ouvi alguém falar em jornais, revistas, televisão sobre o que eu acho que foi uma verdadeira herança maldita. O Brasil recebido por Itamar/FHC. Alguém já conseguiu imaginar o tamanho do trabalho para começar a colocar o Brasil a limpo, um país sem contas públicas conhecidas, sem orçamento (ainda é horrível mas incomparável), sem "identidade monetária", saído de um processo de impeachment longo e doloroso e tantas outras coisas que se fosse mencionar ficaria a noite toda sem esgotar. No entanto, somente vi Itamar/FHC falar do que fizeram, sem nunca mencionar a palavra herança seguida de qualquer outro adjetivo. Pensem nisso. E depois vejam Lula/Dirceu/.... falando sobre o Brasil que encontraram. Me causa náuseas.

Monday, July 24, 2006

A culpa é da deformação

Agora o grão mestre diz que a culpa é das "deformações que vêm da estrutura política do nosso país". Pois é. Está explicado por que todos os mensaleiros foram absolvidos. E porque os sanguessugas também ficarão do mesmo jeito. Se o judiciário considerar que todos os crimes são motivados pelas deformações da estrutura social de nosso país, estamos acabados. O grão mestre já considera, haja vista que, segundo ele, o Marcola e seus companheiros são estão assim porque faltou escola.
Mas vamos lá. Admitamos que ele está certo. Porquê não fez a reforma política no início de seu governo. Ou era para dar tempo de fazer caixa???? Não merecemos mais quatro anos.

O Sanguessugão

Agora há pouco vi no fantástico o ex Humberto Costa - companheiro de palanque do apedeuta (com licença, Reinaldo), ameaçando processar aqueles que querem atingir sua honra ligando-os à máfia dos sanguessugas. Cá entre nós, quem em sã consciência acredita que se "fuçarem" um pouco mais sem dúvida chegarão à ele. A história é sempre a mesma... Dirceu, Delúbio, Genoíno, Silvinho..........Ainda não é essa, mas tenho a certeza de que antes dessa eleição aparecerá a incontestável ligação do bananão dos bananões à tudo isso. Nós não merecemos mais quatro anos. Que representarão menos 50 anos.

Saturday, July 15, 2006

Adeus Lula...

Não é só o Diogo Mainardi que tem como alvo o bananão dos bananões (expressão dele - Diogo). Muitos brasileiros e eu também o tenho. E aquilo que parecia um sonho de uma noite de verão passa a ter uma tênue linha de realidade. O PSDB que na minha opinião optou erradamente tem agora a obrigação moral de dar esse presente aos Brasileiros. E como vou sorrir se ver o molusco no seu devido lugar. E como gargalharei se todo o pt for reduzido à sua real dimensão...

Friday, July 14, 2006

Sem compromisso

Como é bom não ter compromisso. Ninguém lê, ninguém espera, ninguém reclama. Só minha consciência, as vezes, mas eu consigo dobrá-la.

Thursday, July 13, 2006

Nossa representação no Congresso

Há muito tempo estou para falar sobre isso para alguém. Finalmente um lugar meu, em que quem quer pode ler e quem não quer pode fazer o que quiser. Bem, deixe-me dizer o que realmente quero. Acho que o povo brasileiro precisa mudar a sua representação no congresso nacional. Não ainda aquela história de que um amapaense vale diversos paulistanos. Isso é uma segunda etapa. O ponto inicial é uma representação mais justa. Temos lá uma representação forte (fortíssima) dos brasileiros corruptos. Ampla representação dos brasileiros safados. Pesadíssima representação dos brasileiros que não dão a mínima para o trabalho. Considerável representação dos brasileiros ladrões (sendo condescendente). E a parcela dos brasileiros trabalhadores (pressupõe um trabalhador aquele que conhece o seu ofício, dedica-se a ele, esforça-se para melhorar a cada dia, é honesto, entre outras qualidades) onde está representada? E dos brasileiros honestos, onde anda?
Acho que se conseguíssemos distribuir o congresso sem esse desequilíbrio estaríamos prontos para tudo.

Wednesday, July 12, 2006

Boa Tarde - Comecei

12/07/2006 - Começo aqui o que pretendo que seja de tudo um pouco. Comentários pessoais, links, desabafos, etc. Quem sabe também um diário. Não sei se alguém terá paciência para compartilhar, mas se acontecer, será bem vindo.