Wednesday, August 23, 2006

Cuidado que Lula se apossa da ética de novo

Vejo como estão ficando longe meus sonhos. Infelizmente. E vou cobrar o PSDB sempre pelo período obscurantista que enfrentaremos. Primeiro abandonaram quem tinha favoritismo sobre Lula para escolher um desconhecido nacional com menos da metade das intenções de voto. Depois abandonaram Alckmin à própria sorte e teimosia. O que pretende a campanha de Alckmin? No governo mais corrupto da história deste país, eu só vejo menção disso no "Casseta e Planeta". Daqui a pouco Lula estará novamente estendendo a bandeira da ética novamente. Cara de pau para isso ele tem. E a oposição só falta dar apoio a ele, ficando na defensiva. Como eu gostaria e abrir esse "diário" em 02/10 e ver como estava enganado.

Thursday, August 17, 2006

Ditos não feitos - Miriam Leitão

Abaixo texto de Miriam Leitão, publicado em O Globo de 10/08/06

Ditos não feitos
De Miriam Leitão, O Globo (10/08/06)
Em abril e julho de 2002, o então candidato Lula me deu duas entrevistas no “Espaço Aberto”, da Globonews. Não há relação entre o que ele dizia e o que ele fez. Disse que mudaria a política econômica porque para isso o PT estava concorrendo; afirmou não acreditar “nesses fundamentos econômicos”; prometeu uma reforma tributária para acabar com PIS, Cofins e CPMF. Pediu que eu cobrasse dele a seguinte promessa: acabar com as ocupações de terra e mortes no campo. A cobrança: até março deste ano os dados do próprio governo são de que houve 880 ocupações de terra e 72 mortes em conflitos agrários. Visto com olhos de hoje, Lula está irreconhecível, exceto pelos clichês que ainda usa. Ele garantiu em todos os momentos daquela campanha que só ele poderia lidar com a questão dos sem terra. Na entrevista que me concedeu em abril de 2002, ele foi além. — Eu vou lhe dizer uma coisa, e eu vou lhe dizer porque quero que você me cobre. Pode me cobrar em 14 meses. Nós somos a única possibilidade de fazer a reforma agrária sem uma morte e sem uma ocupação. Vamos nos sentar em torno de uma mesa, temos 90 milhões de hectares que não estão produzindo e que poderiam ser usados para a reforma agrária. Vamos fazer um fórum para discutir a questão. Perguntei sobre os grupos mais radicais e ele respondeu: — O país tem regras e leis. Não existe espaço para sectarismos. Aí entra o papel do Estado. Como ele pediu cobrança, aqui está: Lula não apenas não cumpriu essa promessa, como no primeiro ano o número de ocupações pulou de 103 para 222, e as mortes, de 20 para 42. Só nos primeiros três meses de 2006 houve mais ocupações do que em todo o ano de 2002. Por causa da sua ambigüidade, o governo não conseguiu estabelecer a fronteira entre a reivindicação justa e o desrespeito às leis do país. Na segunda entrevista, o PT já havia divulgado a Carta aos Brasileiros, com promessas de manter a política econômica, mas, nos comícios, o candidato dizia o oposto. Em São Bernardo havia dito, uma semana antes, que iria mudar a política econômica no primeiro dia. Perguntei em qual Lula deveria acreditar. — A Carta ao Povo Brasileiro foi escrita em função de uma crise de mercado; a gente assumiu o compromisso de manter o superávit primário e metas de inflação. Esse era o limite da nossa conversa para os investidores, porque sabemos que tem um tempo de transição. A busca de mudança do modelo econômico tem que ser uma constante, só para isso é que o PT está concorrendo às eleições para presidente. Nós não acreditamos nesses fundamentos da política econômica que subordinou o país. Como não podemos mudar do dia para a noite, não vamos fazer isso a toque de caixa, temos que ter um tempo de transição. Temos que fazer com que haja mecanismos para que esse país possa até ter um superávit primário se ele arrecadar mais, acabar com a sonegação, acabar com a corrupção. Voltei ao tema e perguntei se o que ele queria dizer era que o que estava escrito na Carta era só temporário. E ele respondeu: — É lógico. O compromisso é fazermos uma transição para um modelo que acredite na produção. A reforma tributária foi tema nos dois programas e ele prometeu fazê-la: — O companheiro Palocci apresentou uma proposta de reforma tributária com apoio de todos os partidos. E não foi feita. Significa que esse governo não quer fazer a reforma tributária. A reforma seria: reduzir a carga tributária, mudar o Imposto de Renda criando uma alíquota de 5% até a mais alta de 50%, desonerar a produção acabando com PIS, Cofins e CPMF, desonerar a exportação, tributar as grandes fortunas e as heranças. Sobre a CPMF ele disse que reduziria a alíquota para 0,08% já em 2004, deixando apenas com sentido fiscalizatório. Na segunda entrevista, prometeu uma reforma tributária emergencial e culpou o governo da época que “não age e não faz”. Ele prometeu também “vontade política” para reduzir os juros. No item segurança há igualmente distância entre o dito e o feito: — O governo federal vai assumir a responsabilidade de ser o gestor na área de segurança, o governo vai assumir a construção de presídios federais, vai unificar as ações policiais de Roraima ao Rio Grande do Sul. Na política social, ele defendia a versão original do Fome Zero, que era a distribuição de um cupom para ser usado em supermercados cadastrados em troca de comida. Perguntei se não era melhor investir em Bolsa Escola em vez de em um programa assim tão burocrático. — O Fome Zero quer resolver o problema da fome e tem alternativas como cesta básica, por exemplo. Com o cupom, o cidadão vai ao supermercado e compra comida, e vamos cadastrar todos os supermercados. Essa idéia era ruim, foi abandonada sem ter sido implementada, e o que funcionou foi mesmo uma versão ampla do Bolsa Escola, que mudou de nome para Bolsa Família. Claro que na prática muita teoria se comprova errada. Mas impressiona a distância entre as promessas de Lula e seu governo.

Lula, devolve minha esperança - Gustavo Ioschpe

Abaixo reproduzo texto de Gustavo Ioschpe publicado na folha de São Paulo em 15/08/06 sobre seus sentimentos com relação a este "governo". Ainda sem a pretensão de que um visitante o leia, mais por guardar minha memória. O grifo da última frase é meu.

Gustavo Ioschpe Lula, devolve a minha esperança!
"MUDANÇA." Foi a primeira palavra dita por nosso presidente em seu discurso de posse. Quase quatro anos depois, não se pode dizer que o objetivo não tenha sido alcançado. O Brasil mudou. Não no que o presidente e seus eleitores de 2002 tinham em mente: a substituição de um modelo econômico "que, em vez de gerar crescimento, produziu estagnação, desemprego e fome". O modelo ortodoxo foi agudizado. O crescimento continuou pífio, o desemprego, alto; a fome zero ficou como relíquia de uma época de intenções tão nobres quanto inexequíveis. A desigualdade caiu e a miséria diminuiu, é verdade. Mais pelo empobrecimento dos ricos do que pelo enriquecimento dos pobres. A pobreza continuará se reproduzindo. Na educação, chave para qualquer possibilidade de desenvolvimento sustentado, os retrocessos foram muitos. Fim do Provão e o engodo do Prouni, promessas de mais e mais dinheiro quando se sabe que o problema não é financeiro, mas de qualidade. O Brasil ficou mais violento. Acomodamo-nos a uma situação de guerrilha urbana. Viramos reféns. Mas tudo isso pouco importa. A marca desse mandato foi o aniquilamento das esperanças que tínhamos em relação ao país. Sempre acreditamos que, removidos este e aquele obstáculo, alcançaríamos os países desenvolvidos. Duvido que muitos ainda pensem assim. Esse presidente chegou ao poder amparado em dois pilares: a criação de um novo modelo econômico e a ética na gestão pública. A primeira já havia sido abandonada na Carta ao Povo Brasileiro. A segunda foi enterrada por uma volúpia jamais vista no assalto aos cofres públicos. A espinha dorsal da idéia republicana foi rompida em ao menos duas ocasiões: quando recursos públicos foram desviados para comprar voto de parlamentares e quando o Estado usou de suas instituições para violar o sigilo bancário de um zé-ninguém. A desfaçatez e a canalhice não conheceram limites. E nós, sociedade, não demos um pio. Porque a nossa moralidade também já foi carcomida pelos pequenos delitos que vemos e cometemos todo dia. Sobraram poucas freiras nesse bordel. Para onde quer que olhemos, só vemos mensaleiros, sanguessugas e patifes. Esse é o crime desse governo: roubou-nos a esperança. E tudo indica que daqui a quatro anos olharemos para esse repugnante ano de 2006 e pensaremos: éramos felizes e não sabíamos!
GUSTAVO IOSCHPE é mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade Yale (EUA)

Monday, August 14, 2006

Terrorismo

Muito bem. Deixaram chegar a isso. Agora saiam disso. Com a irresponsabilidade que é peculiar nesse governo, o seu descaso com o que não for de seu próprio interesse é possível que tenhamos chegado ao início da era do terror. Talvez isso não seja nem parte da irresponsabilidade e da incompetência, mas estratégia para chegar ao seu objetivo de poder contínuo. Agora viremos o Sr. Bastos tentar enganar mais uma vez oferecendo seu exército ou sua força de segurança nacional, que mal sabem cumprir de suas incumbências quanto mais agir contra terrorismo, haja vista que o serviço de segurança de Israel, um dos melhores do mundo, senão o melhor, não consegue segurar todos os atentados em seu território (que deve ter o tamanho de Sergipe ou Paraíba, por aí...). Não vai falar de todo o dinheiro que deixou de ser aplicado pelo Ignorácio em segurança, das políticas de segurança que estão aguardando ser votadas desde o primeiro ataque do pcc, etc. Vai afirmar que os 10.000 soldados do exército ou os caraminguás da fsn (menos de 10% do contingente de segurança de SP) acabariam com os ataques do pcc em SP. Pode ser até que acabe. Mas não será pelo trabalho deles, se me faço ser claro....

"...Enquanto o filho do presidente, de repente, ganha R$ 15 milhões de uma empresa pública. Como é que pode isso?"

Este post já era para ter ido ao ar alguns dias (ou semanas?) atras. Mas é sempre bom registrar, mesmo sendo passado. Em um encontro com empresários HH falou "Eu não arranjo para meu filho nem um estágio. Enquanto o filho do presidente, de repente, ganha R$ 15 milhões de uma empresa pública. Como é que pode isso?" . Em uma das manchetes da Folha do dia 24/07/06, abaixo da foto constava apenas "Eu não arranjo para meu filho nem um estágio...". Para aqueles que lêem somente as primeiras páginas dos jornais ficam sem entender o que ela dizia. Ficou de fora o mais importante de tudo. Porque não colocar "...Enquanto o filho do presidente, de repente, ganha R$ 15 milhões de uma empresa pública. Como é que pode isso?" . Não ficaria mais esclarecedor do intenção da candidata????