Thursday, February 28, 2008

Sim, senhor!!! - Blog do Reinaldo Azevedo - 28/02/2008

Fizeram mais uma daquelas montagens em que filmes, e suas falsas legendas, servem de pretexto para tratar da realidade política do Brasil. Ficou divertida. Até eu entrei no rolo, hehe. Clique na imagem acima ou aqui. A brincadeira já foi acessada por 532 pessoas.
Por Reinaldo Azevedo

Lula e o revanchismo triunfalista - Blog do Reinaldo Azevedo - 28/02/08

FHC respondeu ontem, comento no post das 2h29 desta madrugada, às boçalidades que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva andou lhe dirigindo. Não são poucos os tucanos que acham que o ex-presidente poderia se poupar da refrega, uma vez que Lula parece contar com essa reação para estufar um tanto mais o... deveria escrever “peito”, mas escolherei “a barriga” — parece-me que carrega o simbolismo adequado a estes dias. Mais do que pelo orgulho, este governo se define pela jactância balofa. Segundo Lula, ele é pé-quente; FHC era pé-frio. Não basta ao Apedeuta privatizar os esforços de estabilidade que já são de uma geração. Ele precisa ser também o ungido. Lula e o PT criaram no país uma coisa bastante perversa à cultura política: o revanchismo do triunfo.

Ora, ele ganhou a eleição duas vezes depois de três derrotas — duas deles para FHC, e este fato não deve ser minimizado no seu rancor —; governa um pais que está com a economia em ordem porque, afinal, seus adversários de antes (e de agora) fizeram rigorosamente o contrário do que recomendava... Lula! E não seria difícil demonstrá-lo. Do Apedeuta — e isto não se faz com nenhum outro político no país —, não se cobra coerência, mas apenas eficiência. E ele é, sob certo ponto de vista, “eficiente”: justamente quando ignora tudo o que pregou o PT ao longo de mais de 20 anos. Como subsiste certo temor de que possa entrar em regressão, seus atos em favor da economia de mercado são calorosamente aplaudidos. Espera-se sempre que o som desses aplausos abafe certo alarido de seus esquerdistas, de seus nacional-desenvolvimentistas.

Lula tira, claro, proveito dessa figura sem passado em que se transformou. Explico: passado, ele tem, sim. Mas apenas o mítico: “o operário pobre que venceu as dificuldades, aderiu à esquerda e descobriu o mercado”. Ninguém dá bola é a seu passado histórico. Podem observar: cobra-se de FHC até hoje a união do intelectual marxista (que ele nunca foi, diga-se) com o PFL lá em 1994... Mas nada de perguntar o que faz Lula com os seus “conservadores”.

Peguei algumas estradas vicinais. Volto à principal. Essa condescendência, se concorre para amansar-lhe o espírito (ele adora dizer que supera FHC também nos valores, vá lá, de mercado), também cria uma figura que transita na política acima do bem e do mal. Por isso parece comum, até natural, que, mesmo vitorioso, surfando em índices formidáveis de aprovação, ele se comporte ainda como uma espécie de opositor do regime de... FHC!!!

Não basta que lhe reconheçam as obras, até as que não são suas: no caso da estabilidade, por exemplo, sua virtude foi manter as regras instituídas por outros. Lula sente a necessidade também de expropriar FHC de seu passado: precisa compulsivamente mutilar a biografia do antecessor; apagar imagens da fotografia; retocá-la com a determinação que tinham os stalinistas de reinventar o passado. Ah, sabemos: faz isso sem teoria mesmo, sem saber direito quem foi Stálin; sem ter qualquer motivo, vá lá, utópico (ainda que uma utopia torta) para apoiar ditadores como Fidel Castro ou Hugo Chávez.

Ora, ora... As regras da estabilidade que estão dadas, digo num post abaixo, custaram caro ao antecessor do petista. O beneficiário óbvio — porque está aí, no poder — do desgaste foi o próprio PT. Vejam, pois, que coisa formidável: tudo aquilo contra o que o partido lutou e que garantiu a sua ascensão é hoje o seu melhor patrimônio. Lula poderia, quando menos, silenciar, então, sobre o passado. Mas não: ele continua a demonizar FHC usando a régua e compasso que lhe deu... FHC!!!

“Ora, dirão, política é assim mesmo!” Não é, não. Caso se eleja um presidente da oposição, que não seja do gosto do petismo, posso apostar que o PSDB não saberá proceder a essa desconstrução do passado. Porque não é de sua natureza — e isso, se querem saber, é bom. Não acho que o petismo deva ser um modelo de ética para os demais partidos. Mas é bom ter claro: o PT sabe e soube, dentro e fora do poder, politizar os temas que são do interesse da sociedade; transforma tudo em uma guerra de valores: “nós” contra “eles”. O PSDB ainda não aprendeu a fazer isso. O DEM parece ter descoberto essa necessidade, e a luta contra a CPMF veio a demonstrá-lo. Se bem se lembram, os tucanos entraram tarde na peleja — e quase fazem besteira. A desnecessidade da CPMF, dado o recorde da arrecadação, está demonstrada. Os tucanos souberam aproveitar? No outro dia, já havia alguns deles ocupados em debater formas para recriar a contribuição... Santo Deus!

É preciso que as oposições, especialmente o PSDB, comecem a definir alguns temas pelos quais vale a pena lutar e se mobilizar. Até porque o “revanchismo triunfalista” se prepara para subir no palanque em 2008 e em 2010. Depois, então, de oito anos de governo petista, o palanqueiro Lula falará, uma vez mais, contra o... passado!!!


Por Reinaldo Azevedo

Thursday, February 21, 2008

Brasil já é credor externo: derrota histórica das esquerdas e vitória de FHC!!! - Blog do Reinaldo Azevedo - 21/02/08

Por Fernando Nakagawa, da Agência Estado. Volto em seguida:

Pela primeira vez, o Brasil tem em suas reservas internacionais dinheiro suficiente para quitar toda a dívida externa - pública e privada. O cálculo é do Banco Central e consta de um relatório divulgado nesta quinta-feira, 21, pela instituição, ressaltando a evolução recente dos indicadores de sustentabilidade externa do País. De acordo com o documento, a projeção do BC indica que em janeiro as reservas internacionais superaram a dívida externa em US$ 4 bilhões. Isso não significa, contudo, que o País vá quitar sua dívida, tampouco a das empresas, mas esta condição melhora a credibilidade do Brasil no exterior. O resultado das contas externas de janeiro será divulgado na próxima semana.

No documento intitulado "Indicadores de Sustentabilidade Externa do Brasil, Evolução Recente", o BC lembra que a posição devedora do Brasil era de US$ 165,2 bilhões ao final de 2003. Ao longo dos últimos quatro anos, o fortalecimento das reservas internacionais e o programa de recompra da dívida externa e de antecipação de pagamentos resultou na redução desse montante. Apenas no ano passado, as reservas internacionais cresceram 110% e chegaram a US$ 180,3 bilhões no final de dezembro.

Para o BC, as reservas apresentaram "evolução sem precedentes nos últimos anos", de US$ 16,3 bilhões, em 2002, quando excluídos os empréstimos do FMI, para US$ 180,3 bilhões ao final de 2007, "tendo crescido 110,1% apenas neste último ano", destaca o texto. Na avaliação da autoridade monetária, "o principal fator responsável por essa ampliação foi o superávit no mercado cambial, que acumulou US$ 150,6 bilhões de 2003 a 2007".

No relatório, o BC avalia que a compra feita pela própria instituição no mercado cambial respeita a política de câmbio flutuante. "Ou seja, não adicionando volatilidade (oscilação) ao mercado e não definindo pisos nem tendências", cita o documento. As compras líquidas de dólar feitas pelo BC alcançaram US$ 141,3 bilhões nos últimos cinco anos, dos quais 55,6% apenas em 2007.

O que isso significa?
O comentarista econômico do jornal O Estado de S. Paulo, Celso Ming, destaca que a posição credora do Brasil no mercado internacional traz conseqüências positivas para o País. Ele enumera:
1- Esta condição melhora a percepção do Brasil perante os investidores estrangeiros. Isso significa aumento de confiança nos títulos de empresas e do governo brasileiro.
2- Com a melhora da percepção do País, mais investidores compram títulos de empresas e do governo brasileiro. Isso significa mais dólares entrando no mercado interno.
3- A melhora da percepção também deixa o Brasil mais perto do grau de investimento - classificação dada a países com baixíssimo risco de calores.
4- Se a classificação de grau de investimento se confirmar, mais investidores estarão dispostos a investir no País e mais dólares entrarão no Brasil. Além disso, o juro do dívida cai e as condições de endividamento do País ficam ainda melhores.

Comento
Vejam só! É, dei um título ao texto para provocar mesmo os “tonton-maCUTs” do petralhismo.
- Quem não se lembra do plebiscito da CNBB — já bastaria que nossos bispos entendessem de religião, não é mesmo? — propondo a suspensão do pagamento da dívida externa?
- Quem não se lembra da pauta histórica das esquerdas, incluindo o PT, sim (aquele pré-poder)? “Pela suspensão do pagamento da dívida externa!”
- Quem não se lembra, como é mesmo, das “percas internacionais de Leonel Brizola?
- Quem não se lembra da moratória, saudada como um ato de coragem nacionalista, de Dílson Funaro?

Os números que estão aí são a conseqüência virtuosa do que os delinqüentes teóricos chamaram, ao longo dos oito anos de governo FHC, de “neoliberalismo”. Fosse, e dado que a política teve continuidade no governo Lula, entao se tem um mérito do Lula neoliberal!

E, sim, POR ISSO LULA DEVE SER ELOGIADO. Quem disse que não elogio nunca? QUANDO ELE NEGA, NA PRATICA, TUDO O QUE ELE PREGAVA NA TEORIA, merece o meu aplauso.

“Ah, então, vamos pagar tudo?” Não. Não é necessário. É mais vantajoso, para o país, manter as reservas e administrar a dívida, como vem fazendo. O que se tem aí é o resultado de 13 anos de uma política macroeconômica coerente, que fez a opção pela responsabilidade. Pode-se discordar disso ou daquilo, da valorização excessiva do câmbio aqui ou do juro ali, mas o rumo se manteve.

PARABÉNS AO PRESIDENTE LULA POR, AO MENOS NA POLÍTICA MACROECONÔMICA, TER DECIDIDO PRESERVAR A HERANÇA BENDITA.


Por Reinaldo Azevedo

Wednesday, February 20, 2008

O Coma Andante 1 - Não há ambigüidade: Fidel é um dos maiores assassinos da história - Blog do Reinaldo Azevedo de 19/02/08



Tenho um pouco de vergonha da minha profissão. Com as exceções de sempre e de praxe, afirmo de modo categórico: está tomada por pusilânimes, por idiotas, por cretinos incapazes de escolher entre o bem e o mal, entre a democracia e a ditadura, entre a vida e a morte. Li, quero crer, tudo o que a imprensa relevante publicou, no Brasil e no mundo, a respeito da renúncia de Fidel Castro, que deixou formalmente a presidência de Cuba, depois de uma ditadura de 49 anos. Não fiz uma contabilidade, mas creio que 90% dos textos apelam a uma covardia formidável: seu legado seria ambíguo; Fidel nem é o herói de que falam as esquerdas nem o facínora apontado pela direita. Até parece que ele é apenas um objeto ideológico sujeito a interpretações. Não por acaso, esquece-se de abordar, então, o seu legado segundo o ponto de vista da democracia.

A mais estúpida de todas as leituras é aquela que poderia ser assim sintetizada: “Fidel liderou uma ditadura, mas melhorou os índices sociais”. Isso que parece ingênuo, de uma objetividade crua e descarnada de qualquer ideologia, é, de fato, uma impostura formidável; aí está a fonte justificadora do mais assassino de todos os regimes políticos jamais inventados pela humanidade. A ditadura comunista viria, assim, embalada pelo mito da reparação social: "Não se tem liberdade, mas, ao menos, há saúde e educação para todos". Pergunto: uma ditadura de direita, então, se justificaria segundo esses mesmos termos?

Mas atenção! Não se trata apenas de criticar esse postulado indecente que aceita trocar liberdade por conquistas sociais. O milagre social da revolução cubana foi criado em cima de mentiras objetivas. Em 1952, Cuba tinha o terceiro PIB per capita da América Latina. Em 1982, estava em 15º lugar, à frente apenas de Nicarágua, El Salvador, Bolívia e Haiti. A fonte? La Lune et le Caudillo, de Jeannine Verdes-Leroux. O livro, de 1989, tem o sugestivo subtítulo de “O sonho dos intelectuais e o regime cubano”. Estuda como se implantou e consolidou o regime comunista no país entre 1957 (a revolução é de 1959) e 1971. Não foi só essa mentira. Ao chegar ao poder, Fidel afirmou que 50% da população da ilha era analfabeta. Mentira! Em 1958, a taxa era de 22%, contra 44% da população mundial.

Um ano depois da revolução, já não havia mais no governo nenhum dos liberais e democratas que também haviam combatido a ditadura de Fulgêncio Batista. Tinham renunciado ao poder, estavam exilados ou mortos. Logo nos primeiros dias da revolução, antes mesmo que se explicitasse a opção pelo comunismo, Fidel e sua turma executaram nada menos de 600 pessoas. Em 1960, pelo menos 50 mil pessoas oriundas da classe média, que haviam apoiado a revolução, já haviam deixado Cuba. Três anos depois, 250 mil. A Confederação dos Trabalhadores Cubanos, peça-chave na deposição do regime anterior, foi tomada pelos comunistas. Em 1962, imaginem, a CTC cobra de Fidel a “supressão do direito de greve”!!! O principal líder operário anti-Batista, que ajudou a fazer a revolução, David Salvador, foi encarcerado naquele ano.

Só nos anos 60, o regime de Fidel fuzilou entre 7 mil e 10 mil pessoas. Caracterizá-lo como um assassino não é uma questão de gosto, mas de fato; não se trata de tomar essa característica como parte de seu legado supostamente ambíguo. Não há nada de ambíguo em fuzilar 10 mil. É coisa de facínora. Como é incontroverso que ele e seu amiguinho, o Porco Fedorento Che Guevara, criaram campos de concentração na ilha, os da UMAP (Unidade Militar de Apoio à Produção), formados por prisioneiros políticos, que chegaram a 30 mil!!! Ali estavam religiosos, prostitutas, homossexuais, opositores do regime, criminosos comuns... Os movimentos gays, que costumam ser simpáticos à esquerda, deveriam saber que a Universidade Havana passou por uma depuração anti-homossexual. Isso mesmo. Em sessões públicas, os gays eram obrigados a reconhecer seus “vícios” e a renunciar a eles. As alternativas eram demissão e cana (em sentido literal e metafórico).

Segundo O Livro Negro do Comunismo, desde 1959, estima-se em 100 mil o número de pessoas que passaram pela cadeia ou pelos “campos” de reeducação no país. Os fuzilamentos são estimados entre 15 mil e 17 mil pessoas.

Quando Fidel fez 80 anos, escrevi neste blog o seguinte:

Em 1961, estima-se que Cuba tivesse 6,5 milhões de habitantes. Nada menos de 50 mil já tinham fugido da ditadura para o exílio. Ou seja: 0,77% da população. Isso não impediu, é claro, que José Dirceu fosse buscar abrigo na ilha quando veio o golpe militar. Ali ganhou uma nova cara e consta que treinou guerrilha — há quem diga que nunca deu um tiro. Em 1964, o Brasil tinha 80 milhões. Se os militares tivessem feito aqui o que o ditador cubano fez lá, nada menos de 616 mil brasileiros teriam ido embora. Cuba tem hoje 11 milhões de habitantes. Desde 1959, foram executadas na ilha 17 mil pessoas — não se sabe quantas morreram nas masmorras. Só os reconhecidamente executados são 0,154% da população. Postos os números em termos brasileiros, dada uma população atual de 180 milhões, os mortos seriam 277.200. Só nos primeiros cinco meses da revolução, foram sumariamente executadas 600 pessoas (0,0092% da população). É pouco? No Brasil de 1964, isso significaria 7.360 mortes logo de cara.
Os 21 anos de ditadura militar brasileira mataram, em números superestimados, 424 pessoas, incluindo os guerrilheiros do Araguaia. Desse total, por razões comprovadamente políticas, foram 293 pessoas. Os números sobre o Brasil estão no livro Dos Filhos Deste Solo, do petista e ex-ministro de Lula Nilmário Miranda. Em Cuba, de 1959 para cá, passaram por prisões políticas 100 mil pessoas (0,9% da população atual). Em Banânia, isso representaria 1.620.000 pessoas. Essa é a democracia que um grupo de petistas estava — ou está — se preparando para saudar no próximo dia 13 de agosto, quando Fidel faz (ou faria) 80 anos, 47 dos quais à frente de uma das ditaduras mais fechadas e sanguinárias no planeta. Mais detalhes no texto A América Latina e a Experiência Comunista, de Pascal Fontaine, que integra O Livro Negro do Comunismo – Crimes, Terror e Repressão (Editora Bertrand Brasil), recebido com um silêncio covarde e cúmplice por aqui. E também em Loué Soient nos Seigneurs, de Régis Debray (Editora Gallimard), que conheceu de perto, em Che Guevara, parceiro de Fidel, “o ódio eficaz que faz do homem uma eficaz, violenta, seletiva e fria máquina de matar”.
Nota: ainda hoje, as prisões cubanas são um exemplo acabado da degradação humana. A totalidade dos presos de Fidel preferiria, sem sombra de dúvidas, dividir celas com os terroristas de Guantánamo. Mas o mundo, claro, acha Bush um bandido e pára quando discursa o ditador de opereta."

Então...
Viram só? Por que os nossos ditadores, que não passam de soldadinhos de chumbo perto da máquina de matar que foi Fidel Castro, também não têm reconhecida a sua herança ambígua, não é mesmo? Já imaginaram. “Há quem diga que o general Emílio Médici foi um ditador, mas, para alguns, foi um verdadeiro herói...” Não! Isso os nossos jornalistas isentos jamais dirão.

Lembram-se daquela reação canalha à matéria de VEJA que evidenciava, com fatos, que o porco fedorento Che Guevara era um assassino? Pois é. Até hoje, há vagabundo que ainda a cita como exemplo de “falta de equilíbrio e de isenção”.

Cobram de nós a isenção diante de um dos maiores assassinos da história.

PS: No alto deste texto, vocês vêem um quadro, publicado pela VEJA em 20 de dezembro de 2006, com os mortos por 100 mil de algumas ditaduras. Os números de Cuba, do Arquivo Cuba, estao subestimados. Outras apurações independentes (leiam acima) apontam que o número de mortos está entre 15 mil e 17 mil. Mesmo assim, vejam lá, a ilha do Coma Andante é líder absoluta no campeonato na morte.

Por Reinaldo Azevedo

Saturday, February 16, 2008

As últimas da ministra das paroxítonas hiperparoxítonas - Blog do Reinaldo Azevedo - 15/02/08

Leia o que vai abaixo. Preste atenção ao que está em vermelho:

Por Wellington Bahnemann, da Agência Estado. Volto depois:
A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, afirmou nesta sexta-feira, 15, que o governo não teme "nenhuma investigação" sobre os gastos com os cartões corporativos, referindo-se à CPI mista protocolada no Senado na última quinta-feira. "Nossa liderança se posicionou favorável a realizar a CPI", afirmou. Dilma defende que a investigação inclua os gastos a partir 1998 (na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) para que se verifique a melhora das despesas com cartão corporativo.
Segundo a ministra, a CPI é importante para que se aperfeiçoe a utilização do cartão corporativo. "Muita coisa precisa ser aperfeiçoada, só não podemos achar que o cartão é mau."

"O cartão é a melhor maneira de controlar essas pequenas despesas. Não apenas a União instituiu o cartão como também reduziu esses pequenos gastos. Em 2001, essas despesas eram de R$ 233 milhões. Ano passado, elas foram de R$ 177 milhões. Só não foi menor porque houve gastos com o Censo Agropecuário e com o Panamericano", disse. Apesar da celeuma envolvendo os cartões corporativos, Dilma afirmou que todo órgão público, seja prefeituras ou estados, utiliza esse meio de pagamento. Ela inclusive cobrou que se compare os gastos da União com outros Estados. "Li na imprensa que em São Paulo esse gasto é de R$ 108 milhões. É preciso olhar proporcionalmente, porque nós cobrimos do Oiapoque ao Chuí", disse.

Comento
Viram só? A ministra das paroxítonas hiperparoxítonas não esconde o objetivo de se fazer a CPI retroativa a 1998: demonstrar que o governo Lula é melhor. Entenderam? Descobre-se a lambança com os cartões, o que só serve de pretexto para provar a superioridade do... governo Lula! Não é só: CPI agora virou espaço de aperfeiçoamento da administração. Santo Deus!

Não acabou: ela também fala dos gastos de São Paulo e investe na fraude comparativa que ainda está presente em parte da imprensa: seriam R$ 108 milhões do governo de São Paulo contra os R$ 177 milhões do governo federal.

Pelo menos se corrigiu parte da fraude, não é? De tanto que se martelou aqui. Até outro dia, falavam em R$ 75,6 milhões. Há uma diferença importante, de saída, que a mídia “isentista” não quer fazer: só se conhece a destinação de 11% dos gastos federais. No caso de São Paulo, é possível rastrear 100% dos gastos. No caso dos federais, há verbas secretas; em São Paulo, não há.

Mas isso não é tudo. Dilma insiste em que, em 2001, os gastos emergenciais eram de R$ 233 milhões, e, no ano passado, de R$ 177 milhões. Huuummm. Para os idiotas do petralhismo que ficam enviando comentários para cá, isso basta.

Para mim não basta, não. Quero saber, daqueles R$ 233 milhões, quanto era gasto secreto e saque na boca do caixa. E hoje? Essa é a pergunta que interessa. Também é preciso saber se houve despesas que passaram a ser supridas pelo Orçamento, deixando a condição de emergenciais.

Mais um ministro de estado — Tarso Genro já fez isso — demonstra que o objetivo da CPI não é apurar nada, mas buscar um atestado de inocência para Lula e de condenação para FHC. E, por incrível que pareça, não há qualquer denúncia contra o governo tucano: eles vão “apurar” para saber se houve irregularidade. E isso é inédito na história.

Por Reinaldo Azevedo

Friday, February 15, 2008

Sobre o terror: "Mas que diabo de católico é você?" - Blog do Reinaldo Azevedo - 15/02/08

O post sobre a morte do facínora Imad Mughniyeh, chefe militar do Hizbollah, traz, até agora, um único comentário publicado. Estão aqui guardados. Vou vê-los daqui a pouco. Dona Reinalda preferiu que eu mesmo os avaliasse. Ela me diz que um bom grupo de leitores pergunta que diabo de católico sou eu, já que escrevi que o mundo está melhor sem ele, e se não sou contra a pena de morte.

É engraçado. Costumam confundir catolicismo com fraqueza de caráter. Esperam de um católico que seja idiota, não que seja convicto. Os críticos do catolicismo acham que a religião só se justificaria se seus adeptos estivessem permanentemente de joelhos, expiando culpas — sobretudo as que não têm.

O que queria Imad Mughniyeh? Um mundo pacífico, em que as diferenças políticas e religiosas fossem decididas por meio do diálogo? Como ele lidava com o seu impressionante estoque de cadáveres? Mostrou, em algum momento, alguma forma de arrependimento? Prometeu não matar mais? Os métodos a que ele recorria eram uma das formas possíveis da ação política no terreno do que compreendemos ser a civilização? No caso particular do Oriente Médio, lutava, sei lá, por dois estados independentes na região de Israel-Palestina ou por uma federação de estados? Nada! Queria o fim de Israel e a expulsão dos judeus da região.

Mesmo assim, sua “luta” poderia se limitar a financiar políticos que defendessem esse ponto de vista, certo? Mas não! Ele se organizava para matar inocentes. Não só a vida dos palestinos não melhorou em conseqüência de seus atos, como a dos libaneses se transformou num inferno Um católico, um cristão, não deve, sem que isso macule seus princípios, optar pela morte, pela eliminação física do outro, como forma ativa de política. Mas, se quiserem, dá para encontrar a pena capital em Deuteronômios. Não se escolhe a morte. Mas também não se a acolhe como um fatalismo.

Dá pra matar, de modo cristão (afinal, aquele livro do Velho Testamento é acatado pelos católicos), apelando à letra do texto bíblico. Mas a ética cristã e católica avançou em outra direção. Ali Kamel, no seu excelente Sobre O Islã — é leitura obrigatória — demonstra, por exemplo, que as 72 virgens que esperariam os suicidas-homicidas no Paraíso, para onde o morto poderia indicar outros setenta parentes (uma espécie de nepotismo celestial), não é coisa do Islã, mas de uma seita fundada em 1090 pelo persa xiita Hassan e-Sabbah. Escreve Kamel: “O crime devia acontecer à luz do dia, no lugar mais movimentado da cidade, de preferência numa mesquita bem cheia, durante as orações de sexta-feira. Para que o ato tivesse ampla repercussão e provocasse medo”. A primeira vítima desse tipo de crime é de 1092: Nizam el-Mulk, um vizir turco que, durante 30 anos, organizara o poder sunita. O que era um sectarismo na disputa entre xiitas e sunitas foi recuperado no mundo contemporâneo como forma de luta política. Estamos lidando com reacionários delirantes, que conspurcam o Corão para matar.

O que fazer diante desse delírio? Entregar-se em holocausto? Ficar esperando o próximo ataque dos Imads? Oferecer a outra face? A nossa face ou a face da imensa massa de inocentes mundo afora? Olhem aqui: não preciso recorrer a Deuteronômios para endossar o ato. Apelo ao direito à autodefesa. Temos de fazer, nesse caso, como Nasser fez no Egito, em 1966, com Sayyd Qutb, então principal ideólogo da terrorsita Irmandade Muçulmana: forca. Anuar Sadat, lembram-se dele?, resolveu relaxar o cerco à turma. Foi assassinado.

A morte de qualquer homem nos diminui. A de um terrorista nos eleva e consola. E nada nos impede de rezar por sua alma.



Por Reinaldo Azevedo

Um fenômeno no Youtube - Blog do Reinaldo Azevedo - 15/02/08


A maioria de vocês já assistiu ao vídeo acima. Ele me foi enviado quando havia não mais do que dezenas de visitas, há dias. Já foi acessado por 82.186 pessoas. Alguém de ótimo humor pôs no ar imagens do filme A Queda, de Oliver Hirschbiegel, com Hitler tendo um ataque de fúria e apoplexia na reta final de seu reinado de morte, e a elas sobrepôs legendas contando, em linguagem satírica, a história dos cartões corporativos. O resultado é impagável.Não postei antes porque há uma passagem ou outra que considero um tanto incômodas. Limitei-me a publicar os links na área de comentários, como vocês sabem. Publico agora: afinal, estou reportando um fenômeno no Youtube. Se não conseguir acessar clicando na imagem acima, clique aqui.

Por Reinaldo Azevedo

Quem é o Chomsky do Irã? - Blog do Reinaldo Azevedo - 15/02/08

Aí escreve o leitor sobre a morte do terrorista:

Terrorismo é ruim, mas, se for terrorismo de Estado, maravilhoso.Crime é crime... Feito por grupos como o Hamas ou por estados como Israel ou EUA.Sou contra o Hamas, mas abomino que tais práticas sejam adotadas pelos países acima mencionados ou qualquer outro, independente de ideologia ou religião que o legitimem.Coerência, Reinaldo, senão a credibilidade....

Comento
Ah, se eu dependesse disso que você chama “coerência” e que eu chamo covardia, isentismo, pusilanimidade, pararia de escrever. Na esfera, vamos dizer, do simbolismo religioso, eu chamo esse seu pensamento de “coisa do capeta”, hehe. O demônio é aquele que vem para chamar o bem de mal, o certo de errado, o virtuoso de criminoso — ou o contrário. O demônio faz com que duvidemos de nossas mais profundas convicções com sua lógica ilógica.

Por que comento o texto acima? Porque esse leitor não é um, mas uma legião. Está sendo vítima do que Olavo de Carvalho chama “O Imbecil Coletivo” — leiam o livro. Então vamos ver o que me propõe o valente:

1 – Eu, porque sou cristão, sou contra a pena de morte, certo? Como tenho de viver segundo os meus princípios, devo me opor a que ela seja aplicada a qualquer homem. Pois bem.
2 – Um “outro”, porque não é cristão — na verdade, ele quer destruir o que chama de união dos “judeus com os cruzados” —, pode, então, segundo os seus princípios, aplicar a pena de morte a seus adversários, o que me inclui.

Deixe-me ver se entendi a fórmula: eu, porque acredito na convivência entre os diferentes e aposto na tolerância, devo permitir que aquele que não acredita em nada disso me elimine, de sorte que a minha coerência deva coincidir necessariamente com a minha morte.

É isso?

Um judeu ou um cristão, para ser um bom judeu ou um bom cristão, caminha para a morte sem piar. Já um extremista islâmico — contrariando, diga-se, a essência de sua religião —, ao decretar suas penas de morte estaria apenas agindo segundo os seus valores.

Donde se conclui que:
- quando um terrorista islâmico mata alguém, estaria dando prova de coerência;
- quando um cristão ou um judeu mata um terrorista (há suspeitas de que a própria Síria eliminou o facínora, num conflito de meliantes morais), isso, sim, é que seria o verdadeiro terrorismo.

Eis uma das formidáveis confusões de nossa época, nascida do relativismo moral e cultural — e, curiosamente, do multiculturalismo em sua expressão mais deformada.

Comigo, não, violão! A morte de um terrorista é um canto de glória em defesa da vida.

E para encerrar: essa conversa de “terrorismo de estado” é só um desses jargões imbecilizantes postos para circular pelas esquerdas mundo afora e por delinqüentes morais como Noam Chomsky, que abusa de sua condição de judeu para provar a sua suposta “independência” intelectual. Esse cretino acha que pode privatizar a vertente universalista do pensamento judaico e pô-la a serviço do terror.

Os atos terroristas do Hamas são terrorismo de Estado. Os atos terroristas do Hizbollah são terrorismo de estado. Afinal, são grupos sustentados por... estados: Irã e Síria à frente. Quer dizer que uma ação de países democráticos e que defendem os valores que nos permitem ser livres e donos de nosso nariz é necessariamente nefasta, mas a dos facínoras é só uma expressão da resistência?

Que gente curiosa!

Se um dia essas vertentes teratológicas do islamismo assumissem o poder para valer no mundo, os idiotas úteis que combatem os EUA e Israel seriam os primeiros a ir para a forca. Vejam lá o que os aiatolás fizeram com seus esquerdistas, seus ateus, suas feministas, seus homossexuais, seus artistas, seus multiculturalistas. Quem não morreu ou está na cadeia está de bico fechado.

Quem é o Chomsky do Irã?

Por Reinaldo Azevedo

É claro que Bush estava certo! - Blog Reinaldo Azevedo - 15/02/08

Escreve um leitor habitual deste blog, que não é um petralha (ele em azul, eu em preto):

Há para mim um equívoco no seu argumento, e ele tem a ver exatamente com os princípios cristãos que alega ter o "olho por olho". Ou seja, para evitar os que nos querem "destruir", devemos trucidá-los, empalá-los, explodi-los.
Quem disse que isso é um princípio cristão, Ricardo? Não é, não. Nem cristão nem meu em particular.

Uma coisa é capturá-los e julgá-los de acordo com as leis. Outra, completamente diferente, é usar a regra de Talião. Pois assim praticamente nos igualamos às bestas.
Epa! Errado! O que você propunha? Que os EUA ou Israel invadisse a Síria para capturar o assassino compulsivo?

Por mim, o sr. Sharon deveria ter morrido também, mas isso não passaria por sua cabeça, acredito eu, já que ele é um "defensor" da democracia (que eu chamo teocrática).
A história de que Israel é uma teocracia, data venia, é uma bobagem formidável, Ricardo. Vocês pode achar o que quiser, mas não conseguiria provar. Jamais fui um admirador de Sharon, especialmente o carniceiro de Sabra e Chatila. Mas fez a coisa certa quando fundou um novo partido e decidiu a desocupação unilateral da Faixa de Gaza. Mas as lideranças palestinas jogaram fora cada miserável chance de fazer o processo de paz avançar. Volte no tempo e pesquise: se Arafat tivesse aceitado o plano de Ehud Barak, a história seria outra. Em vez disso, sempre procurou usar a seu favor o terrorismo islâmico. Veja no que deu.

Concordo em quase tudo que você escreve sobre política nacional, mas é impressionante como nossa visão é quase oposta em política internacional. Felizmente, tenho sido mais correto em minhas análises, como o fiasco do Iraque se provou.
Que fiasco? O pós-guerra foi desastrado, sim. Mas a intervenção americana, além de correta, é um sucesso no que respeita ao combate ao terror. O Iraque iria se transformar num campo de treinamento dos vários terrorismos, Al Qaeda incluída.

Boa parte de seu juízo e motivada, Ricardo, pelas mentiras espalhadas pelo senador democrata Carl Levin, segundo quem jamais houve indícios ou provas de que a Al Qaeda e o Iraque de Saddam Hussein mantivessem contato. A realidade é bem outra. No dia 8 de setembro de 2006, veio à luz no Senado dos EUA um documento intitulado: “Descobertas do pós-guerra sobre os programas iraquianos de armas de destruição em massa e ligações do Iraque com o terrorismo, e como essas descobertas se relacionam com as informações do pré-guerra”. No dia da divulgação do relatório, Levin, que presidia a Comissão das Forças Armadas, divulgou um duro texto contra Bush e Cheney, acusando-os de mentir ao mundo de forma deliberada.

E o tal relatório, vejam só, evidenciava que os contatos da Al Qaeda com Saddam Hussein datavam de... 1990! E olhem que o texto ainda ignorava, estranhamente, carta enviada à Comissão de Inteligência por George Tenet, então diretor da CIA, no dia 7 de novembro de 2002 em que se afirmava:
- “Temos relatos de contatos de alto escalão entre Iraque e Al Qaeda que já ocorrem há uma década”;
- "Informações confiáveis indicam que o Iraque e a Al Qaeda já discutiram as questões de asilo e não-agressão mútua”;
- “Desde a operação ‘Liberdade Duradoura’, temos provas concretas da presença de membros da Al Qaeda no Iraque, inclusive soubemos que alguns estiveram em Bagdá”;
- "Temos relatos confiáveis de que líderes da Al Qaeda procuraram contatos no Iraque que os ajudassem as adquirir armas de destruição em massa. Esses relatos acrescentam que o Iraque forneceu treinamento para membros da Al Qaeda nas áreas de venenos e gases e na construção de bombas convencionais”;
- “O crescente apoio do Iraque a grupos palestinos extremistas, juntamente com os crescentes indícios de ligações com a Al Qaeda, sugere que o relacionamento de Bagdá com o terrorismo deverá aumentar, mesmo na ausência de qualquer ação militar por parte dos EUA”.

São dados de documentos oficiais, coletados por Ali Kamel no livro Sobre o Islã, que recomendo de novo. Bush não teria outra coisa a fazer a não ser o que fez. É o que eu também faria. A idéia de que Bush foi o Lobo Mau que só queria papar o petróleo de Chapeuzinho Vermelho é um infantilismo político, a que nos acostumaram as esquerdas mundo afora. Mas, claro, é uma fábula.

Caro Ricardo, você diz que a sua oposição à guerra se revelou correta. No meu entendimento, não. A guerra, tudo somado, foi bem-sucedida. E era histórica e moralmente justificável.
Por Reinaldo Azevedo