Wednesday, June 25, 2008

Como sempre, a falácia da origem social da violência - Blog do Reinaldo Azevedo - 24/06/08

No Manhattan Connection de domingo, Ricardo Amorim, o economista da turma, disse uma barbaridade que considero inclassificável — a de que o terrorismo é uma ameaça de quinta categoria; combater a afirmação corresponderia a lhe emprestar alguma seriedade — e defendeu a tese carne-de-vaca do pensamento politicamente correto: a violência tem origem social. Diogo o contestou e lembrou que a violência caiu muito em São Paulo, mas não no Nordeste por exemplo, onde a economia cresceu mais do que no resto do país. Aí Amorim respondeu que o crescimento também gera violência. Como disse Diogo, dado o pensamento de Amorim, a gente perde sempre...

Amorim, volta e meia, cita números. Na minha opinião, precisa aprender a lê-los direito quando o caso é violência. Não deve ter os dados de São Paulo. Eu lhos forneço. Conforme publiquei aqui no dia 30 de janeiro deste ano:

São Paulo tem 40% dos presos do país — não prende demais, não; os outros é que prendem de menos;
- Existem 227,63 presos por 100 mil habitantes no Brasil; em São Paulo essa relação salta para 341,98 por 100 mil habitantes;
- Em 2001, o estado de São Paulo tinha 67.649 presos; em 2006, eles eram 143.310 — mais do que o dobro.
- Entre 1996 e 2006, o número de presos aumentou 10 vezes;
- Até julho de 2006, haviam ingressado no sistema prisional do estado 4.832 pessoas — 800 por mês ou um preso por hora.
Só eu tenho esses números??? Não! São públicos. Todo mundo tem.
Não é mesmo fantástico? Mais bandidos presos, mais pessoas vivas! Quem seria capaz de negar essa evidência? Pois acreditem: a esquerdopatia militante nega, sim! E fica encontrando falsos motivos e subterfúgios para explicar o espantoso sucesso da cidade e do estado na redução das mortes

Se vocês clicarem aqui, terão acesso à tabela de mortos por 100 mil na cidade de São Paulo. Em 1999, era de 52,58; em 2007, de 14,20. A redução é espantosa: 72,99%. A maior capital do país, para vocês terem uma idéia, está em 22º lugar na lista das mortes violentas por 100 mil. Recife está em primeiro.

Politicamente corretos
Há pouco falava ao telefone com um amigo, intelectual de primeiro time. Comentávamos como é freqüente nas rodas “pensantes” do país, contaminadas pelo cretinismo politicamente correto, que as pessoas se escandalizem com o fato de 1% dos americanos adultos estarem presos [é "estarem" mesmo, no plural: concordância com o partitivo]. “É um estado policial”, disse certa vez um desses amigos do povo de cabelos grisalhos e pensamento moderno para seduzir moças rebeldes de 18 anos...

É mesmo? Continuo a reproduzir a conversa com meu amigo. Por que não se pode tolerar a idéia de que 1% dos adultos americanos — e, quem sabe?, da humanidade adulta — possa mesmo ser imprópria para o convívio social? Vejam vocês. São Paulo deve ter hoje coisa de 150 mil presos — 40% do total do país. Logo, os presos no Brasil devem estar na casa dos 375 mil. O Brasil tem 118 milhões de pessoas entre 18 e 64 anos. Ah, eu não acharia nada escandaloso que 1% dessas pessoas — só unzinho — estivessem em cana, a exemplo dos EUA. Em vez de 375 mil presos (vá lá, arredondo para 400 mil), teríamos 1,18 milhão de detidos. É pouco? É muito?

Qual seria o efeito disso? Provavelmente, aquele que se vê nos EUA, não é? Ou o que se vê em São Paulo: mais bandidos dentro da cadeia, mais vivos fora da cadeia. Que coisa impressionante, não? Sim, isso custaria uma fábula. Mas talvez fosse mais barato do que o custo, este sim social, da violência.


Por Reinaldo Azevedo

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