Friday, September 12, 2008

O índio de araque e as Forças Armadas - Blog do Reinaldo Azevedo - 12/09/08

"Ao presidente da Venezuela, o senhor Hugo Chávez, e à comunidade internacional, dizemos que as Forças Armadas rejeitam enfaticamente intervenções internacionais de qualquer tipo, não importa de onde venham. Não permitiremos que nenhum soldado ou força armada estrangeiros ponham pé em nosso solo."
A fala, como sabem, é de Luis Trigo, comandante-em-chefe das Forças Armadas na Bolívia. Responde à ameaça feita pelo bufão de Caracas, que disse ontem que, caso Evo Morales seja deposto, ele se sentirá autorizado, imaginem só, a invadir a Bolívia. Alguns degraus abaixo, como sempre, Marco Aurélio Top Top Garcia, assessor especial de Lula, também afirmou que o “rompimento do ordenamento institucional boliviano é inaceitável”. O que “inaceitável” quer dizer, na prática, não se sabe.

Evo Morales é um empregadinho moral e ideológico do Beiçola bandoleiro. É evidente que ambos estão em contato permanente — assim era antes da crise; imaginem agora. A reação do comandante das Forças Armadas deixa claro o óbvio: o recado de Chávez não foi dirigido aos oposicionistas, mas aos militares bolivianos. Eis a maneira como o delinqüente decide “ajudar” o país amigo.

O índio de araque está numa posição bastante difícil. Se recua, como querem as oposições, é claro que se enfraquece. Conseguir a coesão necessária nas Forças Armadas para reprimir o levante de parte do país supõe tornar-se refém dos militares.

E por que se chega a isso?

Porque as ações de Evo Morales, a exemplo das de Chávez, tinham e têm uma lógica interna. Elas precisam, para se sustentar, de um regime de força, a exemplo do que se vê Venezuela. Ou, então, supõem uma guerra civil, para que se comece “a nova Bolívia” a partir das cinzas. Vale dizer: o projeto de Morales é incompatível com a democracia. E por isso as conversas têm-se mostrado inúteis.

A reação dos militares bolivianos não deixa de ser, dado o conjunto da obra, também uma advertência a Evo Morales.


Por Reinaldo Azevedo

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