Friday, September 12, 2008

Jabor como Bin Laden - Blog do Reinaldo Azevedo - 12/09/08

Leitores me escrevem indignados com o comentário que Arnaldo Jabor fez na CBN por ocasião dos sete anos do 11 de Setembro. Quase nunca ouço rádio. Ouvi agora. É, acho que ele perdeu a mão — e, no comentário em particular, também o juízo.

Jabor é partidário da tese de que o terrorismo islâmico é obra do Ocidente. Segundo o seu entendimento, não fosse a estupidez da América reacionária, os facínoras não existiriam. É evidente que a tese ignora o fato óbvio de que os atentados foram planejados ainda durante o governo do “liberal” Bill Clinton. Estamos diante de um pouco mais do que um simples raciocínio doidivanas. Isso tem um suporte teórico, traduzido, já afirmei aqui, com perfeição no livro Orientalismo, de Edward Said. Ele inventou a tese charmosa para os “progressistas” do mundo de que o “Oriente” é uma criação do Ocidente — e, por conseqüência, tudo o que se faz e se pensa por lá é sempre uma reação, jamais uma ação. Trata-se de uma besteira influente.

Ouvindo Jabor — que recita o que seria uma fala de Osama Bin Laden, agradecendo a Alá pela existência de Bush —, somos informados de que OS VERDADEIROS CULPADOS PELO TERRORISMO ISLÂMICO SÃO AS VÍTIMAS. É uma tese moralmente asquerosa. E, lamento dizer, obviamente mentirosa. O cineasta ignora o fato de que as maiores vítimas do terror islâmico não são os ocidentais, mas os próprios islâmicos: são eles os principais alvos dos atentados e também das ditaduras. E isso, é óbvio, nada tem a ver com o Ocidente, seja governado por Clinton, Bush, Barack Obama ou John McCain.

E chegamos ao ponto. Jabor está, vamos dizer, empenhado na tentativa de eleger Barack Obama presidente dos Estados Unidos... A julgar por suas falas recentes, Obama poderia ser um pouco mais do que isso: quem sabe não é candidato a conduzir a paz perpétua kantiana. Daí que McCain, na fala do cronista, seja (des)qualificado como “um velho maluco, doente e imbecil”. De Sarah Palin, diz se tratar de uma “mulher que se comparou a uma cachorra”. Sempre falando como se fosse Bin Laden, Jabor afirma que “Bush desorganizou todas as conquistas iluministas do Ocidente...” Em suma, depois de alguns segundos, fica impossível saber qual é o pensamento de Jabor e qual é o suposto pensamento de Bin Laden. As vozes se misturam e, de fato, se combinam e se confundem. Se Bush inventou Bin Laden, como ele quer, Jabor consegue ser a sua perfeita tradução.


Por Reinaldo Azevedo

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