Saturday, March 01, 2008

Lula não sabe o que é democracia. E não saberá nunca - Blog do Reinaldo Azevedo - 29/02/2008

Naquele videozinho que há aí na coluna à esquerda do blog, afirmo que Lula não é Hugo Chávez, não é de fato. Mas não porque não queira, e sim porque não pode. A tentação é grande. Leia o que vai abaixo, por Leonencio Nossa, de O Estado de S.Paulo. Volto depois:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou nesta sexta-feira, 29, que não há uma crise entre Executivo e Judiciário. Reafirmou, porém, as críticas feitas na noite de quinta a declarações do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) . Sem a irritação e emoção do comício em Aracaju, Lula manteve as palavras duras: "É importante ter claro que no Brasil, quando se trata de palpite e opinião, as pessoas precisam concordar que outras podem dar palpite e opinião diferente das delas".

No comício de quinta a noite, Lula reagiu a uma declaração do ministro Marco Aurélio que questionou os programas sociais do governo definindo-os como eleitoreiros.

"Primeiro: eu não citei o nome do ministro; segundo: eu disse que se a lógica prevalecer, o governo federal não poderá fazer parcerias com municípios e Estados em ano de eleição, e que, num mandato de quatro anos, vai governar dois anos", afirmou em entrevista. E continuou: "É impossível governar o Brasil de forma diferenciada, fazendo justiça, se não envolver pacto federativo com Estados e municípios. São os municípios que estão na ponta".O presidente frisou que o cartão do Bolsa-Família, programa visado pela oposição, não é entregue pelo presidente da República, mas pelos prefeitos de todos os partidos políticos. "Eu não sei de uma única pessoa por nome que recebe o Bolsa-Família", disse.

Lula também comentou as reações de parlamentares às suas declarações: "O Congresso tem direito de não gostar, mas eu não falei do Congresso. Falei de partidos". Ressaltou ainda que o PSDB e DEM estão questionando os programas sociais do governo por ser este um ano eleitoral.

Para ele, a troca de farpas entre os poderes da República não representa uma crise: "Não tem, não existe crise de poderes neste País. Até porque cada poder tem autonomia suficiente. E aprendemos que a estabilidade da democracia está no fato de respeitar a autonomia de cada um."

E completou: "da mesma forma que como ser humano e brasileiro as pessoas dão palpite sobre as coisas, o presidente da república pode dar palpite e julgar o palpite dos outros. Afinal de contas, estamos num debate político. "Quanto alguém dá uma opinião, pode ouvir uma opinião discordante".

Comento
Trata-se de delinqüência política, pura e simplesmente. Nas democracias, líderes usam a sua popularidade para encaminhar reformas que melhorem a vida da população. O Apedeuta usa a sua como instrumento de chantagem. Dêem uma olhada nas críticas feitas ao Congresso e ao Judiciário e depois pense: o que aconteceria com Bush se fizesse o mesmo nos EUA? O que aconteceria com Sarkozy se a tanto se atrevesse na França?

Mas aqui pode. Porque aqui, aos poucos, tudo vai podendo. Pior: ao tratar do assunto, os auxiliares de Lula, em vez de jogarem água na fervura, como seria o normal, põem ainda mais lenha na fogueira, como fez ninguém menos do que o ministro da Justiça, Tarso Genro. Comportam-se como completos irresponsáveis.

Lula não entendeu ainda a democracia. Não vai entender nunca. Não está aparelhado para isso. Ele entende é a linguagem de chefe de sindicato — que não se distingue, às vezes, do comportamento de chefe de máfia. Para maiores esclarecimentos, assistam ao filme Sindicato de Ladrões, do grande Elia Kazan. Por ali,o chefão bate na mesa, e a malta obedece sem dar um pio. Se necessário, saem às ruas de porrete na mão.

Volto a este tema daqui a pouco.

Por Reinaldo Azevedo

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