Saturday, November 08, 2008

O POLITICAMENTE CORRETO E A LÓGICA - Blog do Reinaldo Azevedo - 07/11/08

O politicamente correto destrói qualquer possibilidade de as pessoas pensarem com lógica. Contra os fatos, pretende-se que a minoria dos 13% de negros americanos (incluindo aqui os mestiços) tenham elegido o presidente da República. E qual é a conta que se faz? Ora, excluindo-se os negros e os hispânicos, Obama não teria sido eleito porque só 43% dos brancos votaram nele. Vejam o comentário que manda um leitor. Ele está de boa fé. Segue conforme ele me envia:

Tio Rei, concordo com quase todos os seus posicionamentos, uma vez que, despido de ideologias turvadoras da razão, expressa como agem de forma irracional grande parte dos petralhas; contudo, neste ponto, divirjo — estás apontando uma falácia lógica, sustentado por outra: quero dizer, se Obama foi realmente eleito pelos brancos, como que pela totalidade dos votos dos brancos ele não é maioria? Ou seja, se excluíssemos os hispânicos e os negros, e considerássemos somente os brancos, que apontas elegeram Obama, ele não seria eleito! Vênia seja feita por discordar nesse aspecto; crendo que não o tenha atingido pessoalmente, espero que seja publicado. Um abraço.
Publicar Recusar (Anônimo) 21:49

Comento
Quando afirmo que “Obama foi eleito pelos brancos” é uma resposta política a uma outra afirmação política: “Obama foi eleito pelos negros e hispânicos”. De fato, ele foi eleito pelo conjunto das pessoas que votaram nele, pouco imposta a sua pele. Qualquer dos dois grupos que fosse excluído, o eleito teria sido McCain.

Mas observem: se escolho a clivagem “cor da pele” para analisar as eleições, não posso abandoná-la no meio do caminho, certo? Então vamos ver.

E se os brancos tivessem seguido o exemplo dos negros? Imaginem uma campanha assim: “Faça como os afro-americanos; vote em alguém da sua cor”. Seria, um escândalo, eu sei. Mas a provocação ajuda a revelar a farsa da afirmação: “Obama foi eleito pelos negros e hispânicos”. Antes que chegue ao ponto, algumas considerações.

É absolutamente natural que as pessoas votem em candidatos com os quais se identifiquem mais, inclusive no que respeita à corda da pele. Isso nada tem a ver com racismo. Temos o olhar treinado, desde a tenra infância, para aprender a nos reconhecer nos nossos semelhantes imediatos. Estou tratando de uma categoria pré-política. Quando caímos na vida, conhecemos “o outro”, “os outros”, e aprendemos, na democracia ao menos, que as leis tornam essas diferenças irrelevantes no que concerne a direitos. É assim na convivência civilizada. Mas não há nada de errado com a tendência de um preto votar num preto ou um branco num branco. O mesmo vale para todas as outras afinidades, inclusive a erótica. Mas que se note: se alguém tenta “organizar” essa tendência e transformá-la num movimento organizado, aí estará fazendo política. Fazer política com cor de pele nunca resulta em coisa boa.



Os negros, mostram os dados, politizaram a sua cor: 95% votaram em Obama — e é evidente que muitos o fizeram porque consideravam o democrata mais preparado, sei disso. Pois bem: imaginemos agora essa mesma forma de politização entre os brancos: é claro que Obama não teria chance, já que formam a esmagadora maioria nos Estados Unidos.

Atenção para o que é fato e para o que é lógica: Obama só foi eleito porque os brancos não se deixaram orientar pelo mesmo critério dos negros. Se o tivessem feito, sabemos qual seria o resultado. Se vierem a fazê-lo a partir da próxima eleição, os negros jamais elegerão um novo presidente. A razão é simples: eles são a “esmagadora” minoria. Ora, Obama sempre soube disso, razão por que se colocou como o que é: um candidato americano — e não afro-americano. Se alguma decisão política houve entre os 43% de brancos que votaram em Obama, parece evidente, foi a de considerar que a cor da pele não fazia diferença.

Ora, numa eleição em que a questão racialista estava estampada na cara de um dos candidatos, o resultado foi definido por aqueles que buscaram uma identificação que transcendeu a questão da cor da pele — ou seja, os brancos.

O raciocínio politicamente correto pretende ignorar o óbvio porque acredita que o fato tiraria da minoria negra uma espécie de triunfo e de orgulho: “Nós elegemos o presidente”. Bem, digam o que disserem, não se vai conseguir mudar a aritmética. Numa votação democrática, a “conquista” de uma minoria só é possível com o assentimento da maioria.


Para quem ainda não entendeu: os votos negros em Obama compuseram a maioria, é claro. Mas a decisão de fazer a maioria, caso se use a clivagem racialista, foi dos brancos, que decidiram adotar um critério diferente daquele adotado pelo negros.

Finalmente, alguém poderia perguntar: “Mas que importância tem isso?” Ela é enorme. O candidato do “change” não fará, anotem aí, nenhuma mudança tão importante na América quanto a que já havia se operado. Obama não venceu o racismo coisa nenhuma. O “racismo” é que já não era mais o mesmo. O país já havia mudado. Mas as bestas do politicamente correto se negavam a admitir e berraram até o último minuto: “Só o racismo tira a eleição de Obama”.


Por Reinaldo Azevedo

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